Segundo pesquisa divulgada pelo Procon Pelotas, o valor da cesta básica em maio registrou nova queda, ainda que em ritmo mais moderado. De acordo com o levantamento realizado junto aos produtos que compõem o cesto, o preço chegou a R$1.298,38, uma redução de 1,64% frente ao valor de R$1.319,99 apurado em abril.
Dos 51 produtos, 17 tiveram alta nos preços, sendo a cenoura o caso mais impactante, com um aumento expressivo de 105,01%. Em seguida, a massa com ovos teve alta de 38,21%, seguida pelo presunto magro fatiado com 31,47%, desinfetante com 29,61% e absorventes que subiram 17,78%. Por outro lado, 32 produtos apresentaram queda de preços. Entre os destaques para os recuos, constam a cebola, que sofreu uma redução de 61,04%, a cerveja com queda de 48,43%, além do alface caindo 36,04%, batata inglesa com redução de 35,23% e laranja, que recuou 27,12%.
Além do cesto básico, a pesquisa também analisou a evolução da ração essencial, conjunto de 13 itens que devem atender a necessidade de uma pessoa pelo período de um mês. Em maio, o valor da ração foi de R$ 617,93, apresentando uma redução de cerca de 2,8% em comparação com os R$ 635,85 registrados no mês anterior. Essa queda reforça a tendência de ajustes que, mesmo que graduais, podem aliviar o orçamento das famílias. Comparando com os dados divulgados em abril, quando a cesta básica apresentou uma redução de 2,69% em relação a março, os números de maio indicam uma retração menos acentuada.
Sazonalidade
Maicon Kuhn, coordenador executivo do Procon Pelotas, enfatiza que, embora a redução geral seja positiva, as disparidades entre os produtos demonstram a sensibilidade dos preços aos desafios enfrentados pelos produtores e às oscilações do setor. Ele reforça a importância de acompanhar as pesquisas de preços. “Ao se informar sobre as diferenças entre marcas e pontos de venda, o consumidor pode aproveitar as melhores oportunidades e exercer plenamente seus direitos”, afirmou Kuhn.
Segundo o economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Gustavo Frio, os aumentos acentuados em produtos como a cenoura e a massa com ovos não surpreendem, já que esses itens estão sujeitos a variações diretas relacionadas às condições climáticas e à sazonalidade. Frio também atribui a queda geral de 1,64% no preço do cesto básico, em parte, à atuação do Banco Central, que elevou a taxa Selic para conter a inflação, combinada à desaceleração econômica dos últimos trimestres.
De forma complementar, o economista Eduardo Tillmann, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), enfatiza que produtos do setor hortifrutigranjeiro são particularmente sensíveis às oscilações sazonais. Tillmann apontou que quedas expressivas, como as da cebola e do alface, refletem a normalização dos índices de oferta decorrente de condições climáticas mais favoráveis. Ele ainda destaca que a redução de 2,82% na ração essencial, apesar de representar um alívio temporário para famílias de baixa renda pode sinalizar um movimento de estabilização dos preços a médio prazo.
De acordo com o professor, fatores externos, como as oscilações do dólar e a imprevisibilidade climática, continuam presentes e podem influenciar os preços dos insumos agrícolas e os custos de transporte. Assim, a expectativa é de que, com a manutenção de políticas de preços e uma maior estabilidade na oferta agrícola, os próximos meses apresentem um quadro de maior estabilidade, ainda que com eventuais oscilações pontuais.
Gás de cozinha
O Procon Pelotas também divulgou uma pesquisa de preços do gás de cozinha. Os resultados seguiram a tendência de aumento registrada em abril. A média dos valores ficou em R$122,55 para compras com entrega e R$111,92 sem entrega.