A demora para a abertura da CPI do Sanep inicialmente foi positiva para o governo do prefeito Fernando Marroni (PT), que viu a pauta polêmica perder força nas últimas semanas. No entanto, a instalação oficial da investigação na Câmara teve um revés importante para a base petista: a escolha dos opositores Marcelo Bagé (PL) como relator e Daniel Fonseca (PSD) como vice-presidente da CPI.
Embora a presidência seja de Arthur Halal (PP), que mantém uma boa relação com o governo petista e vai coordenar os trabalhos, a posição-chave da CPI ficou com Marcelo Bagé, um dos mais vocais críticos da administração.
Na condição de relator, será do vereador bolsonarista a responsabilidade de produzir o parecer final sobre as investigações, com base nos depoimentos e documentos levantados durante o processo.
Vereador Marcelo Bagé (PL) (foto: Fernanda Tarnac)
Os trabalhos da CPI serão abertos e públicos, e certamente os vereadores da base vão acompanhar de perto cada passo, mas o poder sobre o resultado dos trabalhos da comissão está na mão de Marcelo Bagé, o que acende um alerta no governo.
O receio de aliados da gestão petista é que, mesmo que a CPI acabe não responsabilizando diretamente o governo por irregularidades no Sanep, a oposição aproveite a exposição do caso para fragilizar a administração.
Em sua fala na tribuna sobre ter sido escolhido como relator da CPI, Bagé disse que seu trabalho será “para ajudar o governo” e que, se houve roubo, “o governo deve ter o interesse em saber quem são os agentes públicos que estão tentando roubar a população pelotense”.
O prazo para a conclusão dos trabalhos da CPI é de 120 dias, podendo ser prorrogados por mais 60 dias. Além disso, o caso já é investigado pelo Ministério Público e internamente pelo governo. Independente de qual apuração seja concluída primeiro, a população espera por respostas claras sobre o que aconteceu no Sanep – e que isso não ocorra de novo.
