O curso de Proteção Ambiental é novidade no CCMar/Furg, em Rio Grande. Ele foi criado junto com outras capacitações, em uma parceria com o Ministério Público do Trabalho e está em sua primeira turma. A partir do pagamento de uma bolsa-auxílio, os jovens conseguem ter dedicação exclusiva ao curso e participam de atividades práticas com frequência.
Com duração de um ano e previsão de formar 22 jovens, a turma estará apta a trabalhar em núcleos de meio ambiente de empresas ou em áreas voltadas para a conservação ambiental. “O curso é de tendência crítica e garante que os jovens sairão, não só com qualificação técnica de gestão ambiental, mas com formação de base analítica para a compreensão do meio ambiente, nas questões de sustentabilidade e dos ciclos da vida”, garante o professor e coordenador pedagógico do CCMar, Guy Barcellos.
Estrutura curricular
A formação é destinada a jovens que cursam o terceiro ano ou tenham o ensino médio completo, com idades entre 17 a 23 anos, e que tenham feito algum curso anterior no CCMar.
No caso do aluno Matheus Ortiz, 20, a experiência anterior no curso de Técnico em Agricultura e Meio Ambiente, fez com que o interesse em continuar a formação na área só aumentasse. “Tudo o que é aprendizado é bom e eu passei a me interessar por tudo que tem a ver com meio ambiente”, diz.
Os futuros protetores ambientais têm uma grade curricular direcionada e multidocente, com uma etapa acadêmica baseada nas disciplinas de ciências da natureza, geografia, sociologia, filosofia, português, informática e uma parte técnica da proteção ambiental.
Além de sala de aula, os estudantes participam de visitas técnicas, palestras e saídas de campo. Em breve, estará disponível o veleiro-escola “Fortuna do Mar”, pertencente ao Museu Oceanográfico da Furg, que passa por um processo de restauro e adequação para atividades de ensino e pesquisa.
Outro diferencial, garantido pela parceria com o Ministério Público do Trabalho, é o restauro do Observatório da Natureza, localizado no Cais do Porto Velho, que será um espaço para monitoramento de qualidade do ar, marés e estação meteorológica.
Para concluir o curso, os estudantes deverão produzir um Trabalho de Conclusão (TCC) com a elaboração de um produto ou estudo que seja direcionado para a proteção ou gestão ambiental.
Atuação dos protetores
Após formados, os protetores ambientais estarão habilitados para trabalhar em núcleos de gestão ambiental de empresas ou ONGs.
Guy Barcellos reforça a preocupação da equipe diretiva do CCMar na elaboração da matriz curricular do curso, com o direcionamento para a empregabilidade dos jovens. “Desejamos formar uma pessoa que seja interessante para o mercado de trabalho, que qualifique os fluxos dentro das empresas, a partir de todo o conhecimento que é propiciado pela instituição”, reforça.
Para a aluna Gisele Quaresma, 20, o interesse pelo meio ambiente é a motivação dos estudos, mas foi o cotidiano do curso que a fez pensar em seguir atuando na área depois de formada. “Gosto muito de estar perto da natureza, e isso fez com que eu já viesse sabendo o que iria encontrar, mas não pensava em seguir carreira. Com o dia a dia passei a gostar bastante e hoje penso em trabalhar em alguma empresa futuramente”, diz.
Aprendizado que transforma
O conteúdo programático foi pensado para a conscientização dos alunos enquanto agentes de transformação. Barcellos cita quando os alunos, por iniciativa própria, levaram a instituição a deixar de usar 10 mil saquinhos plásticos por ano no ensacamento de talheres. Os copos plásticos também foram substituídos por utensílios de metal, zerando o descarte.
Segundo o coordenador, o curso é voltado para a perspectiva do ambientalismo crítico, em que não serão formadas apenas pessoas que tenham o conhecimento das leis e das técnicas, mas que entendam o porquê de elas existirem e onde podem atuar. “Nosso sonho é que eles saiam daqui para se empregar, participar de movimentos, integrar ONGs, estudar na universidade e que sejam capazes de construir e escrever não só o TCC, mas um belo projeto de vida”, afirma Guy.