Com o propósito de catalogar as informações sobre todos os monumentos históricos das cinco praças de Pelotas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Studio Restaurarte construiu um projeto de documentação e digitalização em 3D. A iniciativa será submetida em edital da lei Rouanet, mas ainda precisa de apoio financeiro da iniciativa privada para ser realizado na integralidade.
Informações como quem foi o artista responsável pela confecção do monumento, o momento em que a peça foi instalada na praça e o seu significado histórico e cultural estão entre os dados que serão reunidos pelo projeto. A ação nasceu a partir de cenários como os da praça Coronel Pedro Osório, onde grande parte das esculturas e de monumentos estão sem placas descritivas ou estão deturpadas pela falta de elementos furtados.
A documentação para a construção do memorial descritivo será realizada a partir de escaneamento 3D dos monumentos. O mapeamento com todos os modelos escaneados e as informações sobre cada um deles também será disponibilizado em formato digital para a consulta pela comunidade. Além disso, o projeto prevê a criação de diretrizes e orientações para futuros restauros e para a conservação preventiva dos monumentos.
“Queremos trabalhar com a preservação e salvaguarda dessas informações porque daqui a pouco não vamos ter mais nenhuma informação”, diz a responsável técnica pelo projeto, Olga Cabral. No total, são 30 monumentos espalhados pelas cinco praças. Serão listadas também as peças e placas que foram furtadas ou que estão sob a guarda da prefeitura.
“São monumentos importantes a pessoas que fizeram coisas relevantes em prol da cidade ou tiveram um papel na construção da cidade”, ressalta. A previsão é de que a elaboração do memorial descritivo dure em torno de três anos.
Educação patrimonial
Uma das exigências de contrapartida social da Lei Rouanet, de incentivo à cultura, o projeto tem uma série de ações de educação patrimonial planejadas para cada etapa de documentação dos monumentos. Serão realizadas palestras sobre as obras, exposição com os modelos em 3D das obras e a produção de um curta-metragem. “Porque só conseguimos que a comunidade se identifique com aquilo [patrimônio histórico] a partir do momento que ela conhece. Se ela não conhece, não tem o censo de pertencimento.”
Para a execução completa do projeto com a elaboração do memorial descritivo e todas as ações de educação patrimonial, será necessário cerca de R$ 1,2 milhão. Parte do recurso deve ser captada via Lei Rouanet e o restante a responsável técnica busca com o apoio da iniciativa privada.
Empresas interessadas em contribuir podem entrar em contato pelo e-mail: [email protected]. “Precisamos tentar salvar essas memórias que ainda temos. Uma cidade, estado ou país não vive sem memória e história.”