A Secretaria de Saúde de Pelotas avalia a declaração de decreto de emergência em razão do crescimento da demanda nos hospitais do município na última semana. Com o aumento dos casos de doenças respiratórias, o Pronto Socorro e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Areal estão operando com superlotação. Além disso, há em média 60 pessoas aguardando por leitos de internação.
Conforme a secretária de saúde, Ângela Moreira Vitória, os pacientes têm aguardado aproximadamente cinco dias para serem internados. Porém, no caso do pai da professora Mara Ferrari, a espera foi de mais que o dobro desse período. Com suspeita de pneumonia, Antônio Pedro Moraes, de 89 anos, esteve 11 dias entre a UPA e o PS até ser transferido na manhã de quarta-feira (28) para o hospital Beneficência Portuguesa.
“Uma pessoa com quase 90 anos ter que passar por isso, falta respeito. Ficar ali, com um monte de pessoas na volta, suscetível a muitos vírus, com uma saúde fragilizada”, diz a professora. O idoso é um exemplo do agravo dos casos que afetam o trato respiratório no inverno e esbarram na falta de capacidade de atendimento hospitalar imediato.
No Pronto Socorro, na quarta, havia 58 pacientes, sendo sete de emergência, para os 52 leitos adultos do hospital. O número representa uma superlotação de 111%. A secretária de saúde afirma que “nos últimos dias a UPA e o PS têm um aumento de procura bem importante” de casos de síndromes respiratórias.
Entre janeiro e maio, o número de consultas por causa dessas doenças cresceu em 70% no Pronto Socorro e em 92% na UPA. Na unidade sentinela da rede municipal de saúde no Hospital São Francisco de Paula (HUSFP), nos últimos dias, o número de internações saltou de 11 para 20. “Isso nos subsidia para a possibilidade de decretar emergência e ampliar serviços”, diz Ângela Vitória.
No início do mês, o Rio Grande do Sul e a prefeitura de Porto Alegre decretaram estado de emergência em saúde pública devido ao aumento de casos de doenças respiratórias. A medida permite ações como reforço de equipes e ampliação de leitos. Em Pelotas, o mesmo pode ocorrer, pois além da demanda da cidade, o PS atende vários municípios da região Sul.
Contratação de leitos
Em março, a Câmara de Vereadores repassou à prefeitura R$ 600 mil para a contratação de 20 leitos para suprir a demanda do Pronto Socorro. Porém, até o momento, os espaços não foram contratados devido a impasse de valores e de período de funcionamento. Segundo a secretária de saúde, a estrutura para instalação de novos leitos é complexa e demanda a ampliação de equipes de saúde.
Com isso, os hospitais não aceitariam a contratação por apenas três meses, período coberto pelo recurso. Agora, a Secretaria de Saúde negocia com a Santa Casa a instalação dos leitos pelo período de junho a dezembro com o custo de cerca de R$ 2 milhões. O valor de custeio seria complementado por emendas parlamentares. No entanto, não há previsão de quando de fato os leitos serão disponibilizados. “Aguardamos uma proposta por escrito da Santa Casa”, diz Ângela Vitória.
Raio-x da UPA quebrado
A filha do idoso com pneumonia relata que, durante o período do paciente na UPA, não foi possível realizar um raio-x do pulmão dele, porque o aparelho estaria quebrado. A secretária de saúde confirma a falta do equipamento. Segundo Ângela Vitória, o custo de conserto seria de R$ 69 mil, por isso estaria sendo avaliada a possibilidade da compra de um novo raio-x. Enquanto isso, um aparelho móvel seria cedido nos próximos dias à UPA pelo HE-UFPel.