Wolney Rosa de Castro chega hoje aos 90 anos, com 55 deles dedicados ao rádio. Nascido em Pelotas, no Passo dos Negros, Wolney tornou-se um dos principais narradores de futebol do RS. Atuou nas rádios Tupanci, Pelotense, Cultura e Universidade e, ao longo da carreira, recusou propostas para trabalhar em Porto Alegre e no Rio de Janeiro.
Wolney participou de transmissões históricas, como a cobertura da eleição da Miss Pelotas, Rejane Vieira Costa, como segunda colocada do Miss Universo em 1972, no Caribe. Também esteve na Copa do Mundo de 1998, na França.
Em um dos inúmeros Bra-Peis narrados, Wolney Castro cronometrou a duração do grito de gol do Brasil e do Pelotas: 12 segundos para cada. Por histórias como essa e pela trajetória, foi outorgado pela Câmara de Vereadores, em 2 de julho de 2003, com o título de Cidadão Emérito de Pelotas. Ele reside hoje no Laranjal, onde faz regularmente suas caminhadas matinais e tem nos jogos transmitidos pela televisão seu principal entretenimento.
Como o senhor iniciou sua trajetória no rádio?
Foi no ano de 1954, eu tinha 19 anos. A rádio Tupanci abriu uma seleção para testes para o seu Departamento de Esportes. Eu fiz a inscrição e fui selecionado para repórter esportivo pelo coordenador da equipe, Petrucci Filho, que tinha saído da [rádio] Cultura. O Paulo Corrêa, coordenador do Esporte na [rádio] Pelotense, falou comigo, disse que estava muito bem e me convidou para trabalhar com ele. Aceitei o desafio tanto pela motivação como pela melhora na remuneração. [Depois] Veio o convite para ir para a Cultura, onde fiquei uns cinco anos.
Quais foram as principais transformações que o senhor vivenciou no formato de comunicação?
Posso falar mais sobre o esporte, as transmissões dos jogos de futebol e depois o futebol de salão. As viagens eram com o narrador e o técnico. Depois começaram a ir comentarista e repórter. Em muitos casos, viajávamos com as delegações dos times. Íamos nos ônibus de linha e a coisa melhorou quando passamos a viajar de carro. As linhas de transmissão tinham que ser pedidas para a CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações) com boa antecedência. Em determinados casos, a gente não sabia que a transmissão chegava em Pelotas. Hoje eles transmitem jogos de estúdios e a gente nem desconfia que não estão nos estádios. Tem também a questão da internet, do telefone celular.
Qual acredita ser o “segredo” para que o rádio siga forte?
Aponto a instantaneidade, a agilidade, a credibilidade, a confiança e a facilidade de ouvir o rádio a todo o momento, em qualquer lugar. O rádio dificilmente atrapalha. Também pelos programas dedicados à população, aos bairros, suas reivindicações e cobranças. O rádio nunca vai acabar e, hoje, o celular não deixa de ser uma extensão do rádio.