A participação da secretária de Saúde de Pelotas, Ângela Vitória, no podcast DDD53 na segunda-feira se tornou alvo de críticas. No meio da conversa de mais de três horas, em um jogo de perguntas rápidas, a secretária foi questionada sobre o que Deus é para ela e respondeu apenas que “é um engano”.
Na sessão desta terça-feira (27), vereadores da oposição reagiram. “A fala da secretária ridicularizou a fé de todos nós, da fé das mães que estão com seus filhos nos hospitais”, disse o vereador Daniel Fonseca (PSD), que também é pastor evangélico.
Marcos Ferreira, o Marcola (UB), classificou a fala como infeliz. “Colocou em xeque a sua posição como secretária, e as pessoas que têm crença devem avaliar as coisas que ela falou”, disse.
Ivan Duarte (PT) defendeu a secretária afirmando que as críticas são exageradas, que a sua fala está sendo tirada de contexto para desgaste político e que existem vários deuses em religiões não monoteístas.
A resposta de Ângela colocou lenha na fogueira da relação com a Câmara. Embora oposicionistas neguem que tentem desgastá-la, os problemas na área da saúde a tornaram o principal alvo de críticas da Câmara nos primeiros cinco meses de governo.
A secretária não é uma novata na política. Ex-presidente municipal do PT, Ângela foi vereadora e secretária de Saúde em Chapecó. No meio de mais de três horas de conversa, faltou tato político para entender que uma resposta de cinco segundos sobre um tema polêmico pode ter um potencial explosivo e facilitar o trabalho da oposição.
O ateísmo ainda é um tabu, e poucos políticos têm coragem de falar abertamente sobre o tema. Em um momento de conflagração política, três palavras sobre religião são suficientes para instalar o caos.