Falta de conservação e vandalismo na praça Coronel Pedro Osório

Patrimônio

Falta de conservação e vandalismo na praça Coronel Pedro Osório

Monumentos são marcados por pichações e partes danificadas; somente estátuas mais recentes escapam da destruição

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Falta de conservação e vandalismo na praça Coronel Pedro Osório
Parte do calçamento da praça está danificada. (Foto: Jô Folha)

Espaço histórico, turístico e de lazer para os moradores de Pelotas, a praça Coronel Pedro Osório está atualmente marcada pelo vandalismo e pela falta de conservação adequada. Grande parte das dezenas de monumentos estão pichadas, depredação que se soma a outros danos às obras e a problemas estruturais, como a falta de lajotas no calçamento e bancos quebrados.

Entre os danos mais recentes estão pichações cobrindo o Relógio Solar. O monumento de pedra já foi alvo de furtos e há anos não contém mais sua principal característica, os números romanos em bronze para marcar as horas. Da mesma forma, em parte descaracterizada pela falta de água, a Fonte das Nereidas também tem inscrições em tinta preta no seu em torno.

Quase nenhum monumento escapa às violações com tinta e ao vandalismo em geral. Na estátua de Coronel Pedro Osório, a pichação de 2017, com a inscrição “destemerize-se”, agora está acompanhada por dezenas de outras palavras e desenhos. Outras obras do escultor Antônio Caringi também foram desfiguradas, como o Monumento às Mães.

A perda da memória da cidade

Outro dano causado pelo vandalismo é a falta das placas com as descrições e as datas dos monumentos. Algumas foram retiradas pela prefeitura para prevenir os furtos e outras foram alvo do crime. Com isso, não é possível saber sobre o que se trata a maioria das esculturas.

Para a conservadora-restauradora Flavia Faro, o agravamento dos problemas ao longo dos anos tem culminado na dissociação das obras e na perda da memória da cidade. “Já não temos placas, daqui a pouco não teremos mais nada. Não existe uma conservação, se tivesse, os problemas seriam bem menores”.

Flávia reitera que junto com os prédios históricos que a cercam, a praça Coronel Pedro Osório carrega a história de Pelotas por meio dos monumentos a pessoas de grande relevância para a formação da cidade. “Se não conservarmos, como fica a memória da cidade? É uma degradação contínua que junto vai a história”.

Por meio de fotos registradas desde 2013 pela restauradora é possível observar o agravamento causados pela depredação. Além das pichações, há inúmeras partes faltando ou quebradas nos monumentos. “O descaso chega a causar desconforto. É uma praça que está sempre cheia de pessoas, principalmente final de semana, o coração do Centro Histórico está jogado”.

O avanço dos danos das obras diminui consideravelmente as chances da restauração a seu estado original. Seja devido aos estragos irreversíveis ou ao aumento considerável dos custos para a realização do trabalho. O valor para limpar as pichações em monumentos, por exemplo, pode ultrapassar R$ 40 mil. Sem considerar gastos para reparos.

Infraestrutura

A falta de ladrilhos e os buracos no calçamento da praça é outro problema que chama a atenção. Em frente da Fonte das Nereidas e da pichação há uma grande elevação causada pelos pisos danificados, assim como em pelo menos três das vias de acesso ao centro da praça. Bancos e lixeiras quebradas também estão depredados em vários pontos.

Projeto de aumento de segurança e requalificação

Conforme a prefeitura de Pelotas, para coibir o crime de vandalismo, um projeto para o aumento de policiamento pela Guarda Municipal na praça e aquisição de equipamentos foi inscrito no edital do Fundo de Restituição de Bens Lesados do Ministério Público para a captação de recursos.

O governo municipal também informa ter iniciado a elaboração de projetos de requalificação e manutenção dos locais afetados. As iniciativas buscam restaurar plenamente os espaços e permitir a captação de recursos junto a órgãos federais e estaduais para garantir sua execução com qualidade, diante da grande necessidade de recursos para as ações de restauro.

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