Há 100 anos
Colocada a pedra fundamental da maior habitação operária do Estado, a vila Domingos Dias
Foi colocada a pedra fundamental da vila para operários chamada Domingos Jacintho Dias. Os imóveis seriam construídos no quarteirão compreendido entre as ruas Paysandu (atual Barão de Santa Tecla), Marquês de Caxias (atual Santos Dumont), Conde de Porto Alegre e João Manoel.
O empreendimento, com previsão de 100 prédios, foi projetado nos terrenos de Maria da Conceição Barbosa Dias. Os empreiteiros João Maria Miranda e Alberto Calearo eram os responsáveis pela obra.
O ato contou com a presença do intendente (prefeito), Augusto Simões Lopes, e foi acompanhado pela imprensa. Para paraninfo foi convidado Antônio Gejuíno dos Santos Júnior. “É uma obra meritória, para qual poucos serão quaisquer louvores e que bem recomenda a benemerência de Pelotas, o nobre gesto da veneranda senhora”, destacou a imprensa.
Filantropia?
No artigo Labirintos ao redor da cidade: as vilas operárias em Pelotas (RS) 1890-1930, a pesquisadora e professora Lorena Gill, doutora do Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, aborda o investimento na construção de moradias populares para aluguel.
De acordo com a pesquisadora, Augusto Simões Lopes esteve “envolvido com projetos de loteamentos e construções”. O intendente conseguiu encaminhar uma possível solução para o problema da moradia no município.
Porém a professora Lorena enfatiza que a notícia do jornal deixa “de lado o aspecto mais comercial da iniciativa”, enfatizando o lado humanitário e solidário daqueles que executavam os projetos.
“Seria o caso de todos empreendimentos em que esteve comprometido e também de outros exemplos, como o da Vila Domingos Jacintho Dias, cuja construção…foi atribuída a um ato de filantropia da proprietária…, que, segundo dizia a notícia, as locaria a baixo preço”, reflete a pesquisadora. “As construções tiveram início em 20 de maio e ocuparão, quando concluídas, uma área de 14.400 metros quadrados, sendo, portanto, a maior habitação coletiva de Pelotas e quiçá do Rio Grande do Sul”, de acordo com o jornal Diário Popular de novembro do mesmo ano, destacou Lorena Gill no seu artigo.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 50 anos
Salomão Scliar encerra mostra de serigrafias na Biblitoheca Pública Pelotense
Foi encerrada no dia 21 de maio de 1975 a exposição de serigrafia que reproduzia peças dos mais expressivos nomes da arte da pintura internacional. Os trabalhos eram do jornalista e fotógrafo gaúcho Salomão Scliar, que levou suas obras para a Bibliotheca Pública Pelotense, numa promoção da Secretaria Municipal de Educação e Cultura.
As peças serigrafadas eram inspiradas em obras de nomes como Leonardo da Vinci, Rugendas, Debret e Degas, Dürer, entre outros mestres da pintura. Na época, Scliar estava vendendo as serigrafias a 300 cruzeiros.
“Através destas peças que reproduzo, me comunico com o mundo, pois sempre considerei a imagem o melhor meio de chegar até as pessoas. Durante meus 30 anos de jornalismo, dez dos quais dediquei às coberturas de nível internacional, sempre utilizei muito mais da imagem, frente a qual, considero o texto secundário, se aquela for significativa. Eis porque, há dez anos, resolvi montar uma editora para desenvolver este meu trabalho”, explicou Salomão Scliar, em entrevista.
Três décadas
Scliar morou praticamente durante uma década fora do País, fazendo coberturas internacionais para a revista Manchete, na qual foi jornalista por mais de trinta anos. Com esta exposição, o porto-alegrense voltava a Pelotas, depois de 30 anos. A primeira visita à cidade foi também como artista.
A crítica da capital elogiou este trabalho e afirmava que o valor de 300 cruzeiros era acessível para estas obras, que tinham um número pequeno de cópias. O que tornava as serigrafias mais valiosas.
Se fosse vivo, Salomão Scliar teria completado 100 anos em janeiro. O jornalista, artista e fotógrafo morreu em 15 de fevereiro de 1991, cinco dias antes de completar 66 anos. Também deixou um legado no cinema gaúcho, com obras como Vento Norte, de 1951, como diretor e produtor, e Quem matou Anabela, de 1956, como roteirista. Scliar era irmão do artista plástico Carlos Scliar (1920-2001), e primo do escritor Moacyr Scliar (1937-2011).
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense