Quase cinco meses depois de ter deixado a prefeitura de Pelotas após oito anos de governo, Paula Mascarenhas está à frente da secretaria extraordinária de Relações Institucionais na gestão de Eduardo Leite (PSD). Em entrevista ao A Hora do Sul, a ex-prefeita comentou sobre seu trabalho no governo do Estado e o momento político do PSDB no Rio Grande do Sul.
Paula explica que o papel de sua secretaria é se relacionar com todas as pastas e com as ações estratégicas do governo e diz que a principal demanda que recebe dos municípios é pela pavimentação de rodovias. “Quando o Eduardo assumiu, eram mais de 60 municípios sem acesso asfáltico, agora serão 18. A disposição do governo é encerrar o mandato com todos em obras”, aponta.
“O governo do Estado tem sido muito próximo dos prefeitos, com muitos investimentos depois que conseguiu se organizar financeiramente. O governo é reconhecido por todos os prefeitos como aquele que mais investiu”, afirma.
No novo cargo, Paula já visitou municípios de todo o estado para atuar como interlocutora do governo. “Eu acho muito importante não só receber no gabinete, mas poder me deslocar até as regiões, porque é levar o olhar do governo do Estado, entender o drama”, diz.
Momento político e 2026
Presidente estadual do PSDB, Paula viu o governador e aliado Eduardo Leite migrar para o PSD, de olho na candidatura à presidência em 2026. Ela afirma que não deixará o partido por “responsabilidade institucional e moral”. “A fusão é uma tentativa de sobrevivência do partido dentro desse cenário difícil da legislação eleitoral”, admite.
Paula reconhece que, com a saída do governador do PSDB, pode haver um encolhimento do partido. “O meu trabalho vai ser tentar garantir que tenha condições de ter nominatas competitivas para deputado estadual e federal. Ainda estamos nesse processo, então a minha candidatura também depende disso”, diz. A tendência é de que ela concorra a deputada estadual.
Junto com o deputado federal Daniel Trzeciak, Paula e Eduardo eram os principais nomes do PSDB de Pelotas e da metade sul. Questionada sobre a fragmentação desse núcleo tucano na região, a ex-prefeita afirma que a relação deles com Pelotas segue a mesma.
“Tanto o Eduardo quanto o Daniel e eu representamos um grupo que defende pautas importantes, que se move por princípios e valores dentro da política”, afirma. “O equilíbrio não é ficar em cima do muro, é poder se relacionar, dialogar e respeitar os outros lados, mas ter convicções, ter posições. Podemos defender essas coisas estando em partidos diferentes”, acrescenta.
Alinhada com as falas recentes de Eduardo Leite, Paula defende que se busque uma candidatura que supere a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT). “Manter a polarização é algo que exige das pessoas, é uma política em que tu está sempre no contraponto, na disputa, no ódio. Embora algumas pessoas se alimentem disso, para a maioria das pessoas é muito cansativo”, diz.
“Acho que começa a nascer um espaço para uma via alternativa que represente valores de equilíbrio, de moderação, não tenho dúvidas de que são valores ancestrais da boa política e que vão voltar”, avalia.
