O Rio Grande do Sul está em estado de emergência em saúde animal após a confirmação de um caso de gripe aviária em Montenegro. O Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDA/Seapi) já vistoriou mais de 350 propriedades rurais e uma granja de recria de aves no raio de três a dez quilômetros do foco. Ao todo, são 540 propriedades rurais que precisam ser analisadas. Há um caso em análise e para especialistas da Zona Sul ainda não é momento de preocupação.
Até ontem, a situação ainda não havia impactado a região e os reflexos podem ficar restritos ao bolso do consumidor pela suspensão temporária de importação da carne de frango pelos principais compradores, como a China, que representa 11% de toda exportação de aves do Estado. Especialistas garantem que o consumo de ovos e carne de frango não será atingido pela situação sanitária e que a barreira imposta pelos países – para não transmitir o vírus de um continente para outro – é temporária. Em Tocantins, também há um caso em investigação.
Perspectivas
O consultor Fabrício Delgado, que participa como conselheiro de algumas empresas do setor, diz que o problema foi numa granja de matrizes, onde o ovo é usado para reprodução e não para o consumo. “O Rio Grande do Sul já estava restrito para alguns países – a exportação – desde o ano passado quando teve um problema de [doença de] Newcastle, nos Estados Unidos da América. Por isso, não vejo uma mudança radical que possa atingir nossa região”, pondera.
O responsável pela disciplina de Avicultura do curso de Zootecnia e professor da Faculdade de Agronomia da UFPel, Jerri Zanusso, é comedido em relação aos alardes e conta que a transmissão da doença como aves requer um contato direto de uma com a outra, com suas secreções, flutuação nasal, flutuação gástrica, fezes. “Da ave para humanos, também precisa desse contato. Então há um consenso entre virologistas e imunologistas de que o consumo de carne e de ovos não é um meio de transmissão da doença”, tranquiliza.
Ele lembra que os humanos estão expostos a muitas outras coisas, em termos de agentes contaminantes, negligenciados como a salmonela – com uma barreira mais frágil para fiscalização – ou mesmo de aves migratórias nas praias do extremo Sul, e animais marinhos. “Por vezes estão debilitados e as pessoas querem ajudar e acabam em contato com as secreções. Neste caso, a medida é chamar a Patram”, enfatiza.
Desabastecimento
Para o professor, o risco de desabastecimento vai depender da evolução dos fatos, ou seja, se ocorrer a transmissão para outras granjas, sendo elas poedeiras. “Aí teremos problemas como ocorreu nos Estados Unidos, quando foi preciso erradicar os lotes e os preços dos ovos dispararam. Se isso acontecer, vai ser um longo processo para esterilizar e erradicar, até conseguir atestados sanitários até poder voltar a produção”, projeta. Em contrapartida, com a suspensão da compra de carne de frango pelo mercado externo, por 60 dias, os produtores terão que colocar o produto para consumo interno, o que pode dar uma aliviada no preço pela oferta.
Mutirão e informação
A influenza aviária é uma doença viral e a transmissão ocorre pelo contato com aves doentes e também pela água ou pelos materiais contaminados. O trabalho feito pelos agentes do governo do Estado foi considerado satisfatório pela diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA), Rosane Collares. No caso de suspeita, deve ser notificado imediatamente à Seapi, por meio da Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária, pelo sistema e-Sisbravet ou pelo WhatsApp (51) 98445-2033.