A Catedral Metropolitana São Francisco de Paula foi o local do primeiro encontro da Escola de Restauração, iniciativa da Perene Patrimônio Cultural, com o objetivo de capacitar quem deseja atuar na preservação do patrimônio edificado. A qualificação é dividida em 10 módulos teórico/práticos que serão desenvolvidos nos locais em que o escritório de arquitetura, especializado na área. A certificação é totalmente gratuita e o número de inscritos, 130, superou as expectativas dos organizadores. O projeto tem financiamento do Pró-Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
“Fiquei super contente e surpresa também com o número de inscritos”, fala a arquiteta Simone Neutzling, responsável pelos projetos de restauro da Catedral, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus (Igreja do Porto), em Pelotas, e da Igreja Imaculada Conceição, em Jaguarão. Serão nestes prédios do patrimônio das duas cidades os locais dos encontros.
Simone diz que essa foi a primeira boa notícia, mas o mais satisfatório foi perceber o interesse e o entusiasmo dos inscritos. “A gente está ali compartilhando as experiências e eu particularmente muito feliz de ter mais pessoas interessadas na preservação do patrimônio, que a gente possa trocar, formar outras pessoas também, porque temos muito patrimônio para ser restaurado e temos uma falta de pessoas qualificadas para elaborar os projetos e depois executar as obras de restauração”, comenta a arquiteta.
Primeiros convidados
A aula inaugural ocorreu no sábado pela manhã, com a participação da secretária Municipal de Cultura, Carmen Vera Roig, e do diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul (Iphae), o arquiteto Carlos Renato Savoldi. À tarde, das 13h às 17h, os inscritos participaram do primeiro módulo, bem na área interditada da Catedral, onde está sendo feito o restauro do piso de madeira. A arquiteta foi ministrante.
O preenchimento das vagas, 20 ao total, era de acordo com a ordem de inscrição. Porém os organizadores não imaginavam tamanha procura na primeira edição. distribuíramos módulos conforme a ordem de inscrição, os primeiros 20 inscritos incluídos no módulo 2. “Como tivemos mais inscritos que o esperado, na Catedral, por exemplo, serão mantidos os 10 módulos. E conforme a ordem da lista de inscrição selecionamos 20 participantes para cada módulo. Possibilitando a todos de participar do maior número de módulos possíveis”, explica a designer Thais Lettnin.
Qualificação e turismo
Entre os inscritos há profissionais e estudantes de diferentes áreas. Os interessados também são oriundos de cidades outros municípios, além de Pelotas, como Santa Maria, Porto Alegre, São Lourenço do Sul, Canoas, Bagé, Santo Ângelo, Cuiabá, Mato Grosso, Canguçu, Caxias do Sul, Capão do Leão e Caçapava. O próximo encontro é no dia 7 de junho.
A arquiteta Carla Gonzalez, 36, saiu de Santo Ângelo em direção a Pelotas, na sexta-feira. Na companhia do marido, enfrentou uma viagem de aproximadamente sete horas, para fazer o curso. “Eu acompanho Instagram da Perene quando vi, acho que era uma sexta-feira à noite, me inscrevi na mesma hora”, conta.
Carla conta que participou de algumas equipes de trabalho em restauros de patrimônios edificados em Santo Ângelo, mas sentia necessidade de ter mais repertório. “Como a Simone estava falando isso faz toda a diferença quando se vai trabalhar num projeto. Quero me aprimorar, cada projeto é único e faz toda a diferença a gente ter mais conhecimento em cada área”, fala.
Na Catedral, Carla viu a possibilidade de conhecer técnicas diferentes das que ela desenvolve. Mas a viagem não foi só para estudos, o casal que não conhecia Pelotas se hospedou na cidade e pretendia aproveitar para conhecer um pouco o patrimônio histórico. “A gente já veio um dia antes e vai voltar um dia depois para aproveitar um pouco, mas deu pra ver que a cidade é voltada para o patrimônio”, fala a arquiteta.