Produtores rurais devem se reunir nesta quarta-feira (21), no Trevo da Lacerda, em Canguçu, a partir das 9h, para pedir medidas emergenciais de apoio ao setor do agronegócio, atingido por crises climáticas e econômicas recentes. A principal demanda do grupo é a securitização das dívidas do setor — termo usado por eles para se referir à renegociação facilitada dos débitos rurais, com prazos estendidos, juros reduzidos e suspensão das cobranças vencidas.
O protesto estava confirmado para ocorrer na manhã desta terça-feira (20), mas em decorrências das condições do tempo e os impactos nas estradas do interior do município, os participantes optaram pelo adiamento. No entanto, ainda ontem, ao longo da tarde, diversos tratores se concentraram no largo próximo ao trevo, com o apoio logístico da Polícia Rodoviária Estadual.
Segundo a organização, o protesto deve ocorrer de forma pacífica, com o sistema de “pare e siga” no trecho. Durante as ações, os manifestantes entregam aos motoristas um panfleto explicativo que esclarece as demandas atuais dos produtores rurais, especialmente em relação à securitização das dívidas. A estratégia serve para conscientizar a sociedade e pressionar as autoridades, sem impedir totalmente o tráfego.
Além de destacar o papel essencial do agricultor na cadeia alimentar e na economia nacional, o movimento convoca a população e os demais setores produtivos a se unirem em prol dos mesmos ideais. O texto também promete intensificar as manifestações até que o governo atenda às reivindicações.
Entenda as dificuldades enfrentadas pelo setor:
- Eventos climáticos extremos (secas, enchentes, vendavais, granizo);
- Seguros agrícolas ineficientes e burocráticos;
- Juros altos e renegociações de dívidas prejudiciais;
- Carga tributária elevada e retorno social insuficiente;
- Royalties abusivos por tecnologias defasadas;
- Custo elevado de insumos, maquinário e assistência técnica.
Principais reivindicações:
- Adiamento das cobranças de dívidas vencidas em 2024 e 2025;
- Renegociação total das dívidas em até 20 anos, com juros de 2% ao ano;
- Facilitação de crédito para quem quer produzir;
- Redução de impostos sobre insumos essenciais (combustíveis, fertilizantes, energia);
- Diminuição de royalties pagos por tecnologias agrícolas.
Além disso, o documento salienta que os produtores não querem o perdão das dívidas, mas sim condições justas para continuar produzindo. Alertam ainda para as consequências da omissão do poder público, como: êxodo rural, desemprego, queda de salários e aumento da criminalidade nas cidades.
Audiência pública
Nesta semana, o tema será levado à plenária da Câmara de Vereadores de Canguçu. Na próxima sexta-feira (23), a Casa sedia, às 9h, uma audiência pública para discutir a securitização das dívidas de produtores rurais do Rio Grande do Sul. O encontro procura ouvir autoridades, representantes de entidades e a comunidade sobre os impactos da proposta de securitização no setor rural. A audiência será aberta ao público e transmitida ao vivo nos canais oficiais da Câmara.