Pelotas tem Inspetoria de Veículos para controlar o enlouquecido trânsito na década de 1920

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Pelotas tem Inspetoria de Veículos para controlar o enlouquecido trânsito na década de 1920

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Atualizado segunda-feira,
19 de Maio de 2025 às 11:58

Há 100 anos

O jornalista José Henrique Medeiros Pires contribui com a coluna Memórias com um trecho de um relatório da intendência de Pelotas de 1925. “Seria importante a cidade reeditar ou digitalizar os antigos relatórios da Intendência. São ótimos, mas não são de fácil acesso. Em sua maioria podem ser encontrados nos bons arquivos da Bibliotheca Pública Pelotense”, comenta Pires.

O jornalista formado na licenciatura em Estudos Sociais lembra que Pelotas tinha uma Inspetoria de Veículos, muito antes de se falar nos atuais agentes de trânsito, vinculados à Secretaria de Trânsito. No início de 1925, a Inspetoria de Veículos contava com um inspetor e 14 agentes.

Órgão municipal contava com um inspetor e 14 agentes

“Naquela época, Pelotas tinha registro de 307 autos particulares, 70 de aluguel, 11 caminhões particulares e 118 de aluguel. Esses veículos a motor conviviam nas ruas com 103 phaetons (charretes com duas rodas de madeira), 410 carroças particulares, 277 carroças para fretes, 234 pertencentes a quitandas e fornecedores de leite e capim, ainda 80 carroças de vendedores de verduras, 79 de gêneros coloniais, 16 de bebidas, 108 de fábricas de café e padarias. Também 70 carrinhos de mão circulavam autorizados, ao lado de 25 carretas e carretões”, relata Pires, que na década de 1990 conheceu esses documentos.

Os dados que Pires apresenta são de uma cópia de um relatório, que pertenciam a um ex-prefeito. “Imprimiam um pra câmara, outro pra Prefeitura, que eu coloquei todos na Biblioteca nos anos 90. Conversei com o prefeito Zé Maria, expliquei que estavam inacessíveis e foi lavrado um ato de comodato. Prefeitura/Biblioteca. De lá pra cá, inúmeros estudos saíram dali”, conta o jornalista que é Conselheiro da Bibliotheca e do Instituto João Simões Lopes Neto.

Excesso de velocidade

De acordo com os materiais o tráfego aumentava rapidamente. “As estatísticas davam o exemplo do ano de 1922, quando mais 82 veículos entraram em tráfego na cidade. Os condutores recebiam multas por excesso de velocidade, por cortarem caminho e trafegarem sobre os canteiros da rua General Osório e por serem flagrados andando na contramão”, relembra. Os jornais da época confirmam as imprudências relatando muitos acidentes, atropelamentos e chegando a fazer campanha contra o uso de veículos e os motoristas.

De acordo com o relatório, havia na cidade 1.424 condutores habilitados, sendo 985 brasileiros, 322 portugueses, 45 orientais (uruguaios), 31 espanhóis, 10 italianos, oito suíços, cinco alemães, três argentinos, dois dinamarqueses, dois norte-americanos, dois ingleses, dois poloneses, um israelita, um búlgaro e um russo.

“As estatísticas municipais eram bastante observadas, coordenadas por Alberto Coelho da Cunha. Era tradição, em 20 de setembro, o intendente (prefeito) apresentava os dados pormenorizados na Câmara de Vereadores (Conselho Municipal), que a partir deles preparavam as leis”, acrescenta Henrique Pires.

Há 50 anos

Theatro Guarany recebe espetáculo musical Rio, Capital Samba com Rogéria e elenco de peso

O Theatro Guarany recebeu o show Rio, Capital Samba estrelado pela atriz e cantora Rogéria, na época, considerada a mais famosa travesti brasileira. O musical apresentava um luxuoso figurino para contar a história da música popular brasileira desde a década de 1920 até os anos 1970. O encerramento era com o carnaval carioca, mostrando representações das famosas escolas de samba, como a Salgueiro, Portela, Mangueira e Império Serrano.

Rogéria era a travesti mais famosa dos anos 70

Junto com Rogéria estavam o cantor Roberto Azevedo, as atrizes Fátima Maciel e Suely Machado, o ator-bailarino Breno Moroni e o conjunto Os Naturais do Samba, além de modelos e passistas.
Rio, Capital Samba foi um dos maiores e mais aplaudidos espetáculos apresentados na temporada turística 1974/1975 no estado do Rio de Janeiro. A iniciativa foi do empresário Gomes Leal, na boate Night And Day, instalada no Hotel Serrador, no centro da capital carioca.

Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense

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