Levantamento revela os desafios e potenciais da inovação na UFPel

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Levantamento revela os desafios e potenciais da inovação na UFPel

Comunidade acadêmica entende a importância do tema, mas ainda desconhece oportunidades disponíveis

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Atualizado segunda-feira,
19 de Maio de 2025 às 10:09

Levantamento revela os desafios e potenciais da inovação na UFPel
Data Inova foi apresentado no Pelotas Parque Tecnológico. (Foto: Katia Helena Dias)

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) realizou o maior levantamento institucional sobre inovação já promovido por uma universidade brasileira. Conduzido entre julho e outubro de 2023, o estudo, divulgado na última semana, envolveu 2.952 participantes da comunidade acadêmica para mapear o conhecimento sobre o tema e traçar ações para ampliar o assunto na instituição.

O levantamento revelou que 88% dos respondentes consideram a inovação uma prioridade institucional, mas que a maioria ainda desconhece as ferramentas e oportunidades disponíveis na UFPel. A pesquisa foi conduzida pela Superintendência de Inovação e Desenvolvimento Interinstitucional (Inova), em parceria com a Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento (Proplan).

Desconhecimento generalizado

A pesquisa mostra que 72,4% das pessoas não sabem onde buscar informações sobre inovação na universidade. O desconhecimento abrange aspectos essenciais: 76,5% nunca ouviram falar da Política de Inovação da UFPel; 72,7% desconhecem o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT); 60,9% não sabem o que é a incubadora de base tecnológica Conectar. Apenas 9,5% conseguem citar alguma empresa incubada.

As lacunas informacionais se agravam entre estudantes, que representaram dois terços dos participantes. Apenas 19,8% deles afirmaram saber onde procurar informações sobre inovação, enquanto o índice entre docentes sobe para 49,5%.

Disparidades de gênero também foram identificadas: apenas 25% das mulheres relataram saber onde buscar informações sobre o tema, frente a 30% dos homens e 38,7% das pessoas que preferiram não informar o gênero.

Demanda por formação

A carência de formação formal e vivência prática com inovação é um dos pontos mais críticos apontados pela pesquisa. Enquanto 80,1% dos participantes disseram que gostariam de ter disciplinas sobre inovação, propriedade intelectual ou empreendedorismo em seus cursos, apenas 19,9% afirmaram já ter tido esse acesso.

O mesmo padrão se repete em treinamentos e cursos, no qual 79,6% têm interesse, mas 76,6% nunca participaram.

Além disso, 50,5% dos consultados desconhecem que é possível desenvolver projetos em parceria com empresas ou órgãos públicos e receber por isso.

Protagonismo da UFPel

Apesar das lacunas de percepção, a UFPel figura como protagonista no cenário nacional, sendo a maior depositante de patentes do Estado e uma das principais do país. Apesar disso, 67% dos respondentes desconhecem essa posição de destaque.

A visibilidade nacional da UFPel em inovação foi reconhecida no Ranking das Universidades Empreendedoras de 2023, promovido pela Brasil Júnior. A instituição foi destaque nas dimensões de inovação, cultura empreendedora, extensão e infraestrutura. O Data INOVA, inclusive, foi apontado como uma “Boa Prática de Inovação” pela entidade.

Para o superintendente de inovação da UFPel, Vinicius Campos, o desafio é transformar esse protagonismo técnico em pertencimento institucional.

“É um problema grave que teremos que enfrentar. […] Não há o que se discutir, independentemente do vínculo e do nível de formação, especialmente entre os estudantes. Mesmo nos cursos voltados às humanidades, e também entre graduação e pós-graduação”, argumenta.

Foco na inovação

A reitora da UFPel, Ursula Silva, reforçou que o tema da inovação, embora desafiador, precisa ser abordado com a mesma seriedade de pautas estruturantes como inclusão e combate ao racismo.

“Hoje, falarmos de inovação junto a ensino, pesquisa e extensão já é algo dado. Que possamos pensar em um trabalho em rede. Nos vemos como o Sul do Sul, mas também como Brasil inteiro na disseminação do conhecimento e da inovação”, afirma.

Plano de ação traçado para 2025

• Criação da disciplina transversal “Inovação: a universidade na sociedade”, com oferta para graduação e pós-graduação a partir do segundo semestre de 2025;
• Cursos presenciais e online sobre propriedade industrial, redação de patentes, contratos e convênios;
• Edital afirmativo para composição do Comitê Institucional de Propriedade Intelectual, com 80% de vagas destinadas a mulheres e grupos subrepresentados;
• Expansão da atuação da incubadora Conectar para outros campi, como Capão do Leão;
• Plano estratégico de comunicação para difusão do tema, com uso intensivo de redes sociais e materiais físicos

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