Produtores atentos para impacto do caso de gripe aviária

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Produtores atentos para impacto do caso de gripe aviária

Medidas de precaução devem afastar o perigo na Zona Sul, mas produtores não descartam alteração no custo da carne de frango

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Atualizado sábado,
17 de Maio de 2025 às 13:32

Produtores atentos para impacto do caso de gripe aviária
Na Zona Sul há 11 granjas de produção de carne de frango e ovos. (Foto: Agência Brasil)

Depois da notícia de surgimento de raiva bovina em Pinheiro Machado, o Rio Grande do Sul registra um caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1), confirmado nesta sexta-feira (16) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Este é o primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil. A China, principal compradora da carne de frango, suspendeu o comércio por 60 dias, embora o alerta do Mapa de que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves e ovos. O impacto na Zona Sul deve ser no custo do produto, que pode ter alteração.

Desde 2006 ocorre a circulação do vírus, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa. No início do ano, os Estados Unidos registraram um surto e milhares de aves foram mortas, fazendo com que o país comprasse ovos do Brasil e o preço da dúzia disparasse nas prateleiras.

O cenário pode se repetir, mas o governo do Estado já anunciou que fará uma investigação no raio de dez quilômetros a partir do local em que foi detectado o foco.

Diante disso, o Ministério da Agricultura tenta tranquilizar a população em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas).

Uma das medidas é colocar em prática o plano nacional de contingência para debelar a doença e manter a capacidade produtiva do setor. O Mapa garante que o Serviço Veterinário brasileiro vem sendo treinado e equipado para o enfrentamento dessa doença desde a primeira década dos anos 2000.

Descoberta

O Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), atendeu a suspeita de síndrome respiratória e nervosa de aves dia 12.

As amostras foram encaminhadas ao Laboratório Federal de Diagnóstico Agropecuário, em Campinas (SP), que confirmou o diagnóstico. Durante coletiva na manhã de sexta-feira (16), a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) suspendeu a visitação ao Zoológico de Sapucaia do Sul visto que as mortes de patos e cisnes estão ligadas à influenza aviária.

Já a área em Montenegro foi isolada e as aves restantes eliminadas para início do protocolo de saneamento da granja.

Reflexos

Na Zona Sul do Estado são 11 estabelecimentos, sendo alguns considerados grandes granjas de postura (comercializar ovos) e duas familiares de corte. A produção se destaca em Arroio do Padre, Pelotas, Canguçu, Morro Redondo e Santa Vitória do Palmar.

Maria Celoi Bertineti tem uma pequena granja no interior de Canguçu. Atualmente são 1,1 mil frangos no galpão, sendo que a criação é feita de forma alternada, pelo espaço demandado.

“Todas as precauções foram tomadas, principalmente com o controle de pessoas que circulam pelo local. Temos esterilizadores nas portas e telas ante pássaro”, relata.

Mesmo assim, a família diz estar preocupada. “Agora o foco está muito perto”, lamenta Maria. Sobre a variação de preço, a produtora diz que só haverá alteração em função da barreira chinesa por dois meses, ocasionando mais frango no mercado interno.

Repercussão

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) consideram a situação pontual e que os governos agiram com transparência. As duas entidades apoiam o processo de investigação e as medidas necessárias a serem adotadas para o contingenciamento.

Ao mesmo tempo, as entidades confiam na rapidez das tratativas que serão adotadas pelo Ministério e pela Secretaria em todos os níveis, de tal forma que qualquer efeito decorrente da situação seja solucionado no menor prazo possível.

Ressaltam ainda que o quadro não representa qualquer risco ao consumidor final.

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