O Núcleo de Ilustração Científica (NIC) do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) é um dos destaques do evento da Arte Botânica Mundial — Botanical Art Worldwide. A exposição internacional ocorre simultaneamente em diversos países e a cidade de Brasília foi a sede brasileira escolhida. O centro cultural Casa Thomas Jefferson é o palco da mostra, que recebe a obra do aluno da UFPel, João Augusto Castor.
A exposição representa o reconhecimento da qualidade artística e científica de João Augusto como jovem ilustrador em formação. O estudante está em Brasília acompanhado do professor e coordenador do Núcleo, João Iganci, que também integra a comissão científica na organização do evento no Brasil e participa da exposição como ilustrador convidado. Esta é a primeira vez que o NIC da UFPel participa do evento.
A mostra brasileira foi organizada por três membros da American Society of Botanical Artists: os ilustradores Marcos Ferraz, Maria Alice Rezende e Fátima Zagonel. A seleção de trabalhos se deu por edital, onde os ilustradores se inscreveram e foram selecionados por uma comissão artística, que julgou o rigor técnico dos trabalhos, e uma comissão científica, que julgou a precisão da representação das espécies de plantas ilustradas. No total, foram seis membros do júri.
Ilustração de sucesso
João Castor escolheu ilustrar um Ananas bracteatus de brácteas vistosas. A espécie pertence à família Bromeliaceae e é nativa da América do Sul, carrega um sabor mais ácido e é cultivada e utilizada na produção de alimentos e bebidas fermentadas. Castor a desenhou enquanto observava a planta in loco, em Pelotas, durante o desenvolvimento do fruto. Segundo ele, conforme a espécie amadurecia, passava a apresentar uma variedade de tons avermelhados.
Para ele, foi um privilégio ser selecionado para a exposição de nível mundial, fato que engrandece seu trabalho e oportuniza conhecer novos artistas. “Acredito que o mais importante, além do reconhecimento, é poder compartilhar o espaço com todos os outros artistas selecionados, assim como ter a oportunidade de representar o Núcleo”, atesta.
Ferramenta de divulgação científica
Iganci explica que a ilustração científica é uma ferramenta importante para aumentar o alcance dos resultados das pesquisas sobre biodiversidade. As imagens dialogam melhor com a comunidade em geral e são mais atraentes para comunicar sobre a diversidade de espécies.
Dessa forma, é mais fácil levantar discussões sobre a conservação não só pela beleza das plantas, mas também por seus potenciais usos alimentícios, medicinais e econômicos. “A ilustração botânica é apontada como uma ponte entre arte e ciência, capaz de atrair o interesse do público”, define o professor.
Mais sobre a exposição
O Botanical Art Worldwide é um evento internacional organizado pela American Society of Botanical Artists — Sociedade Americana de Artistas Botânicos — que celebra a arte botânica contemporânea e sua importância na divulgação científica e na conservação da biodiversidade. O evento reúne artistas de todo o mundo em exposições nacionais coordenadas por instituições de referência na área. Em 2025, o tema global é “Biodiversity in the Native Plants of the World” — “Biodiversidade nas Plantas Nativas do Mundo” —, com foco na riqueza das floras nativas.