“Um olhar atento pode mudar o destino de alguém”

Abre aspas

“Um olhar atento pode mudar o destino de alguém”

Camila Dias Martins – Assistente Social

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“Um olhar atento pode mudar o destino de alguém”
Camila atua no Hospital Universitário São Francisco de Paula.

Neste Dia do Assistente Social vamos conhecer a Camila Dias Martins que é Assistente Social no Hospital Universitário São Francisco de Paula. Com um olhar atento e preparado, ela encara os desafios diários da profissão.

Como foi a escolha pelo serviço social?

Minha escolha pelo curso foi profundamente influenciada pelo arranjo familiar que fui criada.

Fui criada por minha mãe, uma mulher forte que enfrentou os desafios da maternidade solo e por minha avó materna, que foi meu exemplo de força e amor incondicional.

Sempre contei com uma rede de apoio sólida, o que me proporcionou segurança e afeto. No entanto, cresci acompanhando de perto os desafios enfrentados por uma mãe solo na criação de um filho – as renúncias, as limitações e, principalmente, o impacto que isso tem nas oportunidades ao longo da vida. Essas vivências moldaram minha visão de mundo e despertaram em mim o desejo de fazer a diferença na vida de alguém.

Sem dúvida, minha história de vida foi minha maior motivação para a escolha do curso. Quero retribuir, transformar realidades e contribuir para que outras pessoas tenham mais oportunidades, apoio e dignidade em suas trajetórias.

Quais são os principais desafios enfrentados pelos assistentes sociais no dia a dia?

Muitas pessoas ainda desconhecem a natureza técnica, ética e política da profissão, existe uma visão equivocada que associa o trabalho do Assistente Social a caridade, ao voluntariado ou a ajuda pontual, desconsiderando nosso papel como profissional qualificado que atua na garantia de direitos e na mediação de conflitos sociais. Atuar em defesa dos direitos humanos, da justiça social e da democracia em contextos de retrocesso político e social exige posicionamento crítico, o que pode gerar conflitos e resistência nos espaços de atuação profissional. Acredito que nosso maior desafio seja combater visões reducionistas que ignoram a complexidade e a fundamentação teórica do trabalho profissional do Assistente Social.

Você pode compartilhar uma experiência marcante que exemplifica o impacto do seu trabalho?

É difícil expressar em palavras a experiência que é atuar como Assistente Social na área da saúde. O hospital é, por excelência, o espaço onde o ser humano se depara com a finitude. Ali, o sofrimento é nu, não há status, classe social, cor ou crença, que isente alguém da dor. É nesse cenário que nós, Assistentes Sociais, atuamos com firmeza, empatia, responsabilidade e ética.

Entre tantas experiências marcantes, acompanhei uma entrega protegida.

Uma mãe, vítima de abuso, optou por entregar seu bebê para adoção logo após o nascimento. Nesse momento, fui mediadora do cuidado, do sigilo, do respeito à dor de mulher marcada pela violência, mas que ainda exerceu um ato de amor e responsabilidade.

Não há romantização nesse processo, há escuta, acolhimento e garantia de direitos tanto da mãe quanto do recém-nascido, essas vivências exigem preparo emocional e técnico.

A atuação do Assistente Social não se limita a intervenção pontual, ela atravessa políticas públicas, rede de proteção, direitos reprodutivos, proteção à infância e muito mais.

O que você diria para quem está pensando em seguir essa carreira?

Ser Assistente Social é assumir um compromisso com a luta por justiça social, igualdade e dignidade humana. Para quem deseja trilhar esse caminho, é essencial ter consciência de que não somos meros executores de tarefas, mas sujeitos políticos que intervém na realidade com base em conhecimento técnico, ético e crítico.

É preciso compreender com profundidade, qual é o nosso papel na sociedade: defender direitos dos que sofrem com as desigualdades, enfrentar as expressões da questão social e atuar com firmeza e propriedade em cada espaço onde estivermos inseridos.

A nossa prática exige coragem, preparo e acima de tudo, consciência. E é essa consciência que nos move a não nos calarmos diante da injustiça, a lutar ao lado da população necessitada e a transformar o cotidiano com ações que respeitem e valorizem cada sujeito.

Por fim, gosto sempre de pensar no meu cotidiano: um olhar atento pode mudar o destino de alguém.

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