Com a aproximação do término da safra 2024/2025, a produção de mel na região Sul do Rio Grande do Sul apresentou variações significativas, influenciadas principalmente pelas condições climáticas e pela disponibilidade de floradas. A expectativa é que a produção alcance cerca de 284 mil quilos, o que representa uma redução de 15% em relação a uma safra considerada regular, que gira em torno de 334 mil quilos.
O Informativo Conjuntural da Emater-RS destaca que, em áreas com predominância de eucaliptos, a colheita manteve-se intensa, resultando em maior oferta do produto e consequente pressão sobre os preços. Nesses locais, a produtividade ficou dentro do esperado, enquanto, em outras regiões, produtores relatam desafios relacionados à escassez de floradas e aos impactos gerados por fatores climáticos.
Conforme o gerente regional da Emater-RS de Pelotas, Ronaldo Maciel, alguns municípios, como Santana da Boa Vista, tiveram perdas de até 50% na produção. “Ainda são dados preliminares, mas a expectativa é que a redução chegue a 15%”, adianta.
Entre os problemas enfrentados pelos apicultores está o aquecimento fora de época no inverno, que dificulta o processo ao antecipar a florada. “Depois, temos um vazio de flores na primavera, o que prejudica a safra”, diz. O excesso de chuva no período também é um fator dificultador, pela diluição do néctar das flores.
Contexto nacional e estadual
De acordo com dados da Radiografia da Agropecuária Gaúcha de 2023, o Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores de mel do país, tendo ocupado o primeiro lugar no ranking nacional em 2021, com a produção de 9,21 milhões de quilos.
Na região Sul do Estado, a última produção foi de 334.852 quilos, com média de produtividade de 14,41 quilos por colmeia. São 1.228 apicultores na região, responsáveis por 23.236 colmeias, com uma média de 18,92 colmeias por apicultor.
Safra positiva
O produtor Pedro Moraes, da Apícola Morini Moraes, avalia que a safra 2024/2025 superou as expectativas. Com uma média de 60 colmeias, o apicultor relata que os dois últimos anos foram bastante difíceis devido à baixa produção. “Este ano, o melado de março já melhorou bastante. A expectativa para 2024/2025 é a melhor possível”, comenta.
Moraes destaca que o excesso de chuvas registrado em 2024, assim como a dificuldade em encontrar locais para instalar apiários longe das lavouras de soja, têm sido os principais desafios. “As aplicações nas lavouras de soja acabam matando as abelhas. Atualmente, está muito difícil achar lugares sem plantação de soja e com florestas”, relata.
Dentro da regularidade
O apicultor Diogo Assis do Pinho relata que as questões climáticas registradas no ano passado foram responsáveis pela perda de 50 colmeias. Com três apiários localizados em Pinheiro Machado, Pinho avalia que a produção de mel vem diminuindo nos últimos anos, especialmente pela variação do clima. “Este ano a safra foi melhor, mas ainda não foi satisfatória”, afirma.
Com 70 colmeias atualmente, a expectativa de safra para o apicultor é uma das melhores dos últimos anos. Até o momento, foram colhidos mil quilos. “Tem apicultores que já realizaram três colheitas, devido ao fato de que as floradas — nativas ou de eucalipto — se estenderam um pouco mais”, relata.
Entre as dificuldades, o apicultor destaca o uso indiscriminado de agrotóxicos, que matam as abelhas e contaminam o mel produzido, além do clima com frio fora de época, que prejudica as florações. Também há variação nos preços do mel. “Ocorre, em algumas safras, de nem conseguir comprador para a produção”, diz.