Estradas da Zona Rural de Pelotas desafiam moradores e produtores

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Estradas da Zona Rural de Pelotas desafiam moradores e produtores

Apesar de mutirões da prefeitura, relatos indicam serviços ineficazes e problemas crônicos que impedem o escoamento da produção agrícola

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Atualizado quinta-feira,
15 de Maio de 2025 às 13:13

Estradas da Zona Rural de Pelotas desafiam moradores e produtores
Na Colônia Júlio de Castilhos, um produtor relatou que chegou a perder uma carga de bergamotas pelas péssimas condições da estrada rural (Foto: Jô Folha)

Transitar pelas estradas de chão batido que cortam a zona rural de Pelotas têm sido um desafio para os moradores. Vias essenciais para o acesso às residências e para o escoamento da produção agrícola têm recebido atenção insuficiente do poder público, segundo relatos da comunidade. Além da baixa frequência de patrolamento, a qualidade dos serviços é alvo de críticas: há trechos com acúmulo de areia solta e ausência de valetas, o que compromete o escoamento da água da chuva e agrava a situação.

Um dos transtornos mais recentes aconteceu com o produtor Marcos Cavallin, morador da Colônia Júlio de Castilhos, na região da Cascata. Na última sexta-feira, o tempo chuvoso piorou as condições das estradas da região e impediu que ele concluísse uma entrega de carga considerável de bergamotas. Sua caminhonete, veículo ideal para enfrentar cenários de mau tempo no interior, não superou o lamaçal na estrada e ficou atolada.
Em seguida, Cavallin fez um vídeo que circulou nas redes sociais mostrando a situação. A indignação maior se deu porque poucos dias antes havia sido realizado um serviço de manutenção nas estradas daquela área. De acordo com ele, esse tipo de problema se repete sempre que a prefeitura faz o patrolamento, e isso ocorre porque a terra solta não recebe cascalho e as valetas não são abertas adequadamente. “Toda vez que passam a patrola, a situação piora. É um problema crônico, que já atravessou várias administrações”, afirma.

Ele destaca que o trecho de estrada fica localizado próximo a diversas propriedades, a cerca de dois a três quilômetros de BR-392, em uma área com movimento frequente de veículos. Além disso, conforme o relato, o problema ganha em proporcionalidade nas estradas secundárias – mais distantes da rodovia –, por onde os moradores do interior precisam passar para acessar as vias principais.

Cenário piora

Denúncias envolvendo a mesma situação também surgem na Colônia Santa Maria, no sétimo distrito do município. O agricultor Ildemar Muller conta que o descaso com as vias rurais na região também se arrasta há tempo, mesmo em áreas próximas à rodovia.

Segundo ele, a estrada principal, por onde circulam caminhões de frete e micro-ônibus, parece encontrar-se em estado de abandono, mesmo com os serviços de patrolamento. “Quando chove, vira um barreiro. E mesmo agora, com o tempo seco, continua ruim. O problema não é só a chuva”, explica.

Outro problema grave na região é uma ponte que liga parte da colônia à BR-392. A estrutura é composta por madeira e concreto, mas parte do material foi levado pelas águas em enchentes anteriores, e aguarda a reconstrução até hoje. O aterro que dá acesso à ponte também cede com frequência em dias de chuva, aumentando o risco do trânsito no local. “Em dias de chuva, tenho que dar uma volta de 18 quilômetros porque não consigo subir a coxilha”, relata.

Obstáculos, diálogo e ações

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) da prefeitura de Pelotas diz que a frequência do serviço nas estradas maiores e menores da zona rural é a mesma, com diferenças específicas nos trabalhos: nas estradas principais, usa-se a patrola, enquanto nas menores é comum o uso de cascalho. A administração ainda diz que há limitações devido ao terreno e à situação precária da frota. Segundo o governo, foram recuperados 600 quilômetros de 1,2 mil quilômetros de estradas rurais.

“Assumimos a secretaria com uma patrola e um caminhão funcionando. Até conseguirmos colocar cinco patrolas e quatro caminhões para funcionar, nós perdemos tempo, mas o serviço em si é feito diariamente, nunca para”, diz o texto, e segue: “É um problema de anos. De qualquer maneira, estamos sempre abertos ao diálogo, tentando aproximar a secretaria do produtor.”

Cronograma de mutirões

Segundo a SDR, a manutenção segue um cronograma baseado em mutirões, organizados por distrito e conforme prioridades definidas com os administradores e comunidades. A ordem segue o cronograma, priorizando estradas principais por onde passam transporte escolar e o escoamento da safra. Já nas menores, o trabalho depende do trânsito local e das condições do solo, com aplicação de cascalho ou uso da plaina quando necessário. “Às vezes, um número X de moradores quer que coloquemos cascalho e outros moradores preferem a patrola, então tentamos estabelecer esse diálogo”, conclui a nota.

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