Liberdade conquistada aos poucos

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Liberdade conquistada aos poucos

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Há 137 anos

Se a promulgação da Lei Áurea, liberando do sistema escravista a todos os os negros cativos no Brasil, aconteceu em 13 de maio de 1888, na prática a liberdade chegou tempos depois. O pesquisador Alisson Balhego, doutorando em História pela Universidade Federal de Pelotas, comenta que a abolição aconteceu gradualmente em Pelotas.

Segundo Balhego os charqueadores mantiveram pessoas escravizadas por mais alguns meses. “Eles ‘construíram’ um acordo com os abolicionistas e os trabalhadores. A justificativa era que nessa data, 13 de maio, estava ingressando muito gado na Tablada e eles precisavam da mão de obra”, comenta.

Charqueadores queriam esperar a vinda do gado

“No caso dos festejos populares terem lugar a 27 do presente mês, contribuirão muito em prejuízo dos fazendeiros da Província e dos proprietários dos estabelecimentos industriais, pois as tropas em marcha para chegarem na Tablada nos últimos dias do mês corrente não poderiam ser disputadas e compradas toda a vez que os charqueadores não contassem com braços para o serviço manual, porque, é de presumir que os 2.600 ex-cativos que vão festejar à aurora de sua liberdade nunca o façam em menor espaço de tempo de dois ou três dias. Estou informado, acedeu de boa vontade o tão justo pedido harmonizando desta forma o útil ao agradável”, publicou o jornal Echo do Sul, de 18 de maio de 1888.

Declínio a partir de 1874

O pesquisador comenta que esse tempo foi alargado e os festejos ficaram para julho. “A população preta aqui na cidade era grande, na década de 1870, Pelotas contava com uma população de aproximadamente 25 mil habitantes, sendo pelo menos oito mil cativos. As pesquisas mais recentes apontaram para a existência de um número importante de cativos mesmo nas vésperas da abolição”, comenta Balhego.
No que diz respeito aos números desta população escravizada, o pesquisador cita o historiador Jonas Vargas, que demonstrou que o declínio começou apenas após 1874 e ganhou intensidade entre 1877 e 1884. “No Rio Grande do Sul, entre 1874 e 1884, ocorreu uma diminuição de 15.302 escravizados, boa parte deles transferidos para o sudeste”, conta o historiador.

Balhego conta que, além do meio rural, a escravidão urbana em Pelotas era muito grande, por isso essa resistência da sociedade escravocrata local. “A gente tem a imagem das charqueadas como representante disso, mas a escravidão urbana tava disseminada”, fala. E o pesquisador dá um exemplo: duas moças brancas vivendo com mais duas escravizadas. “E vivendo a partir da renda delas”, revela.

Relações sociais

Sob a tese “Como V. S. compreende é uma necessidade contra os vagabundos.” Imprensa e preconceito racial no imediato Pós-Abolição (Pelotas, RS – 1881-1915), Balhego trabalha o processo de racialização das relações sociais em Pelotas. Isto aconteceu ao longo da escravidão, mas a partir do momento que não havia mais o que se fazer, com o fim do sistema escravista, este processo é intensificado.
“Então tu tens a imprensa escrita apavorada com as pessoas libertadas circulando pelo centro de Pelotas e cobrando das autoridades medidas contra isso”, relembra. Para minimizar esse impacto, o pesquisador revela que foram criadas leis nesse período para estipular os espaços onde as pessoas poderiam viver.

Vivendo à margem

O centro, que é o espaço mais alto e seco, era o mais desejado pelas elites. “É construído um perímetro em 1881 para delimitar isso e em 1888 eles aumentam. O perímetro era indicado pelas ruas Gonçalves Chaves, Santo Antônio, Paysandú e São Domingos, hoje respectivamente Gonçalves Chaves, Senador Mendonça, Barão de Santa Tecla e Benjamin Constant”, fala o doutorando. Essa demarcação correspondia a praticamente toda a área urbana do município.

O pesquisador avalia que poucos negros, dependendo do ofício que exerciam, conseguiram se manter na região mais central e a maior foi parar no “subúrbio de Pelotas” do século 19. Para se ter uma ideia que zonas eram essas, Balhego cita o registro do servidor público Alberto Coelho da Cunha. “Em 1899 eram as vias identificadas como rua da Nogueira (Pinto Martins), Estrada do Passo dos Negros, Estrada das Três Vendas, Estrada Domingos de Almeida, Estrada da Guabiroba e Estrada do Fragata.”

 

Há 100 anos

Início da obra do Grande Hotel traz oportunidades para os operários

Foi publicada na imprensa local uma chamada para interessados em trabalhar como operários na escavação do edifício do Grande Hotel de Pelotas. As tratativas eram no próprio local, na praça da República (atual Coronel Pedro Osório) esquina com General Victorino (atual Padre Anchieta), em 15 de maio de 1925, às 13h, dia e horário marcado para o início do trabalho.

A primeira fase da obra seria de escavações do terreno. O superintendente desta etapa era Francisco Rheingantz, do Conselho Fiscal.

Primeira etapa era a escavação do terreno

Para o dia 20 de maio estava convocada uma reunião na sala da diretoria da Bibliotheca Pública Pelotense, para sessão extraordinária com os acionistas do Grande Hotel. Na pauta a eleição do Diretor Caixa, Conselho Fiscal e um suplente.

Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense

Há 50 anos

Prefeitos debatem distribuição de recursos

Em uma reunião, técnicos da Superintendência de Desenvolvimento do Sul e representantes da Secretaria Estadual de Planejamento e Obras Públicas, do Departamento da Lagoa Mirim e Instituto Técnico de Pesquisas e da Assessoria da Universidade Católica de Pelotas, juntamente com a executiva da Associação dos Municípios da Zona Sul, debateram a política que deveria ser adotada para melhor distribuição das parcelas do Fundo de Desenvolvimento Urbano.
Durante o encontro, que ocorreu na sede da Azonasul, em Pelotas, também foi debatido o Plano de Desenvolvimento Regional Integrado. Ainda na reunião foi tratado sobre a transformação da Coordenadoria Técnica de Assistência ao Município, ligada à Secretaria Estadual de Planejamento e Obras Públicas, em superintendência.

Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense

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