Um movimento atípico no Hemocentro de Pelotas, mas bem-vindo. Cerca de 60 estudantes do Instituto Federal Sul Riograndense (IFSul) foram doar sangue, em uma ação que faz parte dos jogos escolares, mas que tem um significado valioso no momento que o estoque se encontra muito baixo. Na tarde de ontem, eram apenas 24 bolsas para atender toda a Zona Sul. Com a ação solidária, o índice subiu para mais de 80, o que faz o Hemocentro respirar um pouco aliviado. Na terça-feira que vem tem mais e a ideia é tornar mais frequente a presença dos jovens estudantes de Eletrônica.
O idealizador da campanha, coordenador do Curso de Eletrônica, Gustavo Giusti, acredita que a postura de um professor é bastante relevante na vida dos alunos e a oportunidade de realizar uma campanha de doação de sangue se tornou uma meta. “É fazer uma pequena diferença na vida deles e uma grande para quem precisa de sangue.” A maioria vai doar pela primeira vez e por isso já experimentam não só o exercício da cidadania, como a relevância social. “Os alunos estão mobilizados e, pela primeira vez, praticando um ato cívico de extrema importância para nós”, garante. A ação ainda serve de motivação, segundo Giusti, para que multipliquem a familiares e amigos.
“Eu nunca doei sangue e vim para ajudar o curso e às pessoas que um dia vão precisar do meu sangue”, disse Juan Souza Lopes, 18. Miguel Ribeiro Fernandes Nunes, 19, também é estreante e disse que o pai já fez essa ação e que ele pretende manter a rotina de vistas ao hemocentro “Eu vim mais pela solidariedade. Já o meu pai, sempre que tem uma oportunidade vem aqui [hemocentro]. O meu irmão também está querendo doar, mas ele é menor e ainda tem medo”, comenta.
Um parente de Vinícius Rubira Sigert, 19, já precisou de sangue e o tio do jovem foi doador. O exemplo foi lembrando diante da sala de coleta. “Eu sempre tive muita curiosidade em saber como funcionava e foi super tranquilo. Sempre via algo como uma ação nobre para todas as pessoas: ajudar o próximo”, diz. Milena Lima de Ávila, 18, foi além da doação de sangue. A jovem aproveitou o local para confirmar que é doadora de medula óssea. “Na verdade, a minha mãe é doadora de medula e me incentivou, porque é muito difícil achar alguém que seja compatível contigo. Agora já está tudo registrado.
Hábito vem com a idade
O médico plantonista do hemocentro, Igor Sedrez Medeiros, explica que quando a pessoa está em uma faixa etária mais jovem, é muito mais fácil adquirir um hábito, principalmente no final da adolescência. “De forma geral, o doador precisa ter entre 16 e 60 anos, ser saudável, mas tem muitas condições de saúde que não impedem a doação, como a hipertensão. Além disso, a pessoa tem que evitar bebida alcoólica e cigarro no período logo antes”, explica.
A coordenadora do Hemopel, assistente social Márcia Lages, diz que a situação atual é de baixa do tipo sanguíneo O negativo, do tipo sanguíneo O positivo e A negativo. A demanda é grande para esses tipos, principalmente em um período em que os doadores se encontram com sintomas gripais e diminui a frequência e consequentemente reduz o estoque. “A ação realizada pelos jovens é muito importante porque traz a eles essa consciência da importância do ato de solidariedade. A forma de ajudar o próximo através da doação de sangue. Quando se une, muitas vezes, para doar pela primeira vez, se tornam os futuros doadores”, comemora.