O número de contratações de jovens aprendizes no Rio Grande do Sul aumentou no primeiro trimestre de 2025. Segundo dados do Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram assinados 5,5 mil novos contratos entre janeiro e março, o que representa um crescimento de 3% em comparação com o mesmo período de 2024, quando haviam sido registrados 5.355 vínculos.
O movimento tem se refletido também em Pelotas e na região Sul, segundo o coordenador do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE-RS) de Pelotas, Lourenço Guimarães. Um dos fatores que explica os resultados é a Lei da Aprendizagem, que prevê a contratação de jovens por empresas de médio e grande porte em quantidade equivalente a 5% a 15% do seu quadro de funcionários. Quando há aumento no número de contratos formais, igualmente as cotas de aprendizagem se equivalem.
Guimarães também cita a automação da fiscalização das cotas como um mecanismo que permitiu maior uniformidade no cumprimento por parte das empresas. Além disso, o quadro positivo passar pela mudança de cultura por parte das empresas, que viram a oportunidade de transformar esta “obrigação” em uma ferramenta de qualificação e formação de mão de obra qualificada.
Recentemente contratada como jovem aprendiz, Kimberly Pinheiro, 20 anos, já havia atuado anteriormente como estagiária no comércio, mas decidiu buscar a vaga de aprendiz. Quando tomou a decisão, ela estava cursando Técnico em Administração e acreditava que a aprendizagem oferecia mais segurança em termos de contrato, salário e benefícios. “No estágio, tu trabalha, recebe, mas não tem ninguém zelando por ti”, explica.
Segundo Kimberly, a vaga de jovem aprendiz surgiu como uma excelente oportunidade de colocar em prática os conhecimentos teóricos adquiridos no curso técnico. Ela começou no início do ano e completou o primeiro mês de trabalho em abril. Até agora, afirma estar muito satisfeita com a experiência. “Estou aprendendo bastante coisa que eu não tinha nem noção. Está sendo uma experiência muito boa”, diz.
Cenário na região
Atualmente, o Rio Grande do Sul conta com 4.028 cursos de aprendizagem disponíveis, oferecidos por 370 entidades habilitadas em todo o Estado, conforme o Painel de Informações do Cadastro Nacional da Aprendizagem Profissional. Em Pelotas, são ofertados 124 cursos, distribuídos entre 11 instituições autorizadas. Já em Rio Grande, os jovens podem escolher entre 80 cursos, promovidos por 6 entidades habilitadas.
Ampliar a aprendizagem
Para ampliar a participação de municípios menores no programa de aprendizagem, o gestor sugere a possibilidade de serem feitas ações de mobilização e conscientização das empresas que possuem cotas de aprendizagem em parceria com o poder público municipal ou outras entidades.
Ele ressalta que o CIEE-RS oferece para os municípios menores o Programa de Aprendizagem na modalidade digital, de forma que as empresas podem cumprir suas cotas a qualquer tempo, sem a necessidade de aguardar a formação de turmas, sem custo adicional de deslocamentos e sem perder a qualidade no aprendizado dos jovens.
Curso alinhado às demandas
O CIEE-RS lançou recentemente o programa próprio de aprendizagem chamado IDEA – Inovação, Desenvolvimento, Educação e Aprendizagem que busca justamente oferecer flexibilidade e adaptação às diferentes realidades econômicas e sociais no nosso Estado. Os cursos buscam desenvolver com os jovens as habilidades e competências essenciais para o mercado de trabalho em áreas de formação diversas: Comércio, Atacado e Varejo, Ocupações Administrativas, Frentista, Auxiliar de Produção e Logística.
O que é a Aprendizagem Profissional?
Aprendizagem Profissional é o programa de qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho voltado para jovens de 14 a 24 anos, e para pessoas com deficiência sem limite de idade. Trata-se de uma política que pode criar oportunidades tanto para os jovens, especialmente no que se refere à inserção no mercado de trabalho; quanto para as empresas, que têm a possibilidade de formar mão-de-obra qualificada.
Os contratos da aprendizagem têm duração máxima de dois anos e garantem todos os direitos trabalhistas, como carteira assinada, pagamento de salário proporcional às horas trabalhadas (carga horária de 4h ou 6h), 13º salário, férias remuneradas, FGTS e vale-transporte.
