Democratizar o acesso à arte: quem costuma frequentar o Parque Una compreende que a estética do local vai além dos prédios e do paisagismo. Seja na Galeria Una ou em outros espaços existentes no parque, a expressão e a criatividade humanas são valorizadas em suas múltiplas formas, de maneira aberta e gratuita ao público.
A integração entre espaços residenciais, comerciais e públicos, a humanização e o senso de comunidade são conceitos fundamentais do Novo Urbanismo. A oferta de espaços públicos de qualidade, aliada à conectividade do ambiente — entendida como a criação de cruzamentos de caminhos — incentiva a convivência e fortalece o senso de comunidade.
Conforme explica a gerente de marketing da Idealiza Cidades, Camila Oliveira, além de oferecer um espaço propício para a difusão de manifestações artísticas, o Una também estimula o consumo de cultura por meio de diversos projetos gratuitos voltados à comunidade, conectando o público pelotense ao parque.
Atualmente, três iniciativas gratuitas e abertas ao público são promovidas no local: Una & Ação, Una & Diversão e Una Música. Responsável pelo Una & Diversão, Aline Maciel explica que o projeto propõe a criação de um ambiente informal de ludicidade e encontro para diferentes faixas etárias.
Realizado aos domingos, o Una & Diversão não tem um público-alvo específico por idade e pode ser vivenciado juntamente com os cuidadores. “As atividades promovem a interação entre crianças de diferentes origens, idades e bairros. Além da possibilidade de brincar nos espaços do parque, também são oferecidas oficinas”, conta Aline. Entre elas estão pintura, maquetes, hora do conto, música, desenho, futebol lúdico, fantoches, entre outras.
Outro projeto bem acolhido pela comunidade é o Una Música, que ocorre bimestralmente no anfiteatro do Parque Una e, ocasionalmente, durante feiras realizadas no local. Com curadoria do setor de Marketing da Idealiza, o projeto oferece acesso gratuito a diversos gêneros musicais durante o entardecer. “Já tivemos apresentações de chorinho, jazz, blues, samba”, enumera Camila.

Una Música ocorre a cada dois meses. (Foto: Divulgação)
Além da conexão com a mente e a alma, o parque também incentiva o cuidado com o corpo por meio do projeto Una & Ação. A cada 15 dias, aos sábados, profissionais de diversas áreas são convidados para ministrar aulas de meditação, yoga, futevôlei, corrida, treinamento funcional, crossfit, entre outras atividades.
Galeria ao ar livre
Compreendendo que o conceito de arte é amplo, o parque se propõe a explorar múltiplas formas de expressão humana. Responsável pela curadoria artística do Una, Emir Sarmento explica que as formas de promover arte no parque são variadas — desde esculturas e arte digital até a Galeria Una e um novo projeto em desenvolvimento, que homenageará o artista, grafiteiro e desenhista Felipe Povo, falecido em fevereiro de 2019.
“Fui à casa do Felipe e me chamou muito a atenção a entrega dele: produzia com várias técnicas diferentes e era uma pessoa muito generosa”, relata Sarmento.
Natural de Porto Alegre, Sarmento comenta que, em conversa com um amigo sobre a falta de diversidade nas esculturas urbanas — geralmente representações de militares —, surgiu a ideia de homenagear Felipe com uma estátua. “Apresentamos o projeto à Idealiza, e a ideia começou a tomar uma proporção que não imaginávamos”, diz. Além da estátua que será inaugurada no Parque Una, estão sendo produzidos um documentário em homenagem ao artista e um livro de colorir com distribuição em escolas públicas.
Segundo Camila, o projeto do parque foi concebido com base nos princípios do Novo Urbanismo, que valoriza cultura, cidades mais humanas e vivas, priorizando a convivência entre as pessoas. “Essa proposta está fortemente presente nos eventos culturais que realizamos. É importante por contribuir com o senso de comunidade dos moradores, o sentimento de pertencimento ao lugar, e para que a comunidade enxergue o parque como um espaço para estar”, comenta.
Prédios e ruas como elementos artísticos
Além da estética com que foram concebidos, diversos prédios do Una também abrigam obras de arte. É o caso do Canto, com curadoria de Sarmento e o DNA do restaurante Madre Mia em seu projeto. O edifício possui a primeira empena de Pelotas pintada, obra do artista porto-alegrense Kelvin Koubik em homenagem ao pelotense Joaquim da Costa Fonseca Filho, além de mais de 50 obras de artistas locais distribuídas por seus andares.
Também com curadoria artística, o Aurora recebe um “banho de sol” pela manhã: nesse momento, uma escultura cromática reflete os raios solares no hall de entrada. O Nube, por sua vez, adota uma abordagem mais minimalista e contará com uma obra de arte digital.
“Todos esses prédios fazem parte da chamada Alameda das Artes. A ideia é que, com o tempo, se crie um verdadeiro circuito de arte dentro do parque”, adianta Sarmento. Dentro desse percurso ao ar livre, destaca-se a Galeria Una, composta por 10 totens iluminados que promovem a arte produzida por pelotenses. Atualmente em exposição, poesias diagramadas estimulam uma maior interação com a palavra.
No início do próximo mês, a Galeria Una ganha uma nova exposição: ‘Primeiro Londres, depois Pelotas’, história em quadrinhos de ficção científica financiada pelo Procultura Pelotas. A narrativa parte da lenda de que Pelotas seria a segunda cidade mais úmida do mundo — atrás apenas de Londres — para imaginar um apocalipse causado pelo mofo. O romance entre os protagonistas Daniel e Bruna se desenvolve nesse cenário.
Aplicativo Una
Para facilitar o acesso às informações sobre as atividades culturais, o Una lançará em breve um aplicativo do bairro, voltado tanto para moradores quanto para visitantes. “O app vai nos ajudar muito na divulgação dos eventos, que ficarão disponíveis na aba ‘Acontece’”, explica Camila. Será possível ativar notificações para receber alertas sobre os eventos próximos, seus dias, horários e a agenda mensal.