A empresa europeia Afry foi contratada para desenvolver o projeto de engenharia básica para transformar a Refinaria Riograndense na primeira biorrefinaria do Brasil. O contrato tem previsão de conclusão para novembro e marca um avanço estratégico para a conversão da unidade industrial que passará a produzir Combustível de Aviação Sustentável (SAF) e Diesel Renovável (HVO) a partir de óleos vegetais.
O contrato inclui a execução dos serviços de engenharia básica das unidades auxiliares externas (OSBL) e a integração das unidades principais (ISBL), buscando aproveitar ao máximo as instalações e sistemas já existentes. A empresa também será responsável pela supervisão, coordenação e integração do projeto, que envolve processos como hidrogenação, geração de hidrogênio, pré-tratamento e tratamento de águas ácidas.
“Estamos muito felizes por termos sido selecionados para a execução da engenharia básica desta que será a primeira biorrefinaria do país a operar com matéria-prima 100% renovável proveniente de óleos vegetais”, destaca Edemilson Oliveira, vice-presidente da Afry no Brasil para Indústrias, Energia, Infraestrutura e Logística.
Testes aprovados e caminho para a transição
O projeto da biorrefinaria ganhou força após o sucesso de diversos testes de coprocessamento. O último deles, realizado em fevereiro, testou a mistura de 5% de óleo de pirólise de biomassa (bio-óleo) com carga mineral em sua unidade de craqueamento catalítico (FCC). A operação, acompanhada de perto por técnicos da Petrobras, demonstrou a viabilidade técnica de produzir frações como gás combustível, GLP, gasolina e combustível marítimo com conteúdo renovável.
Outro marco relevante para a transição aconteceu em novembro de 2024, quando a Refinaria fechou um contrato de licenciamento da tecnologia com a dinamarquesa Topsoe, especializada na produção de combustíveis 100% renováveis.
Investimentos e impacto regional
A transformação da Refinaria Riograndense, controlada pela Petrobras, Braskem e Grupo Ultra, prevê investimentos totais de aproximadamente R$ 5,5 bilhões (cerca de US$ 1 bilhão) para a completa conversão da planta. Até o final deste ano, estão programados aportes de R$ 250 milhões, segundo a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
Conforme estimativa, a conversão resultará na criação de cerca de mil empregos durante a fase de obras e mais de quatro mil novos postos diretos e indiretos após a entrada em operação da biorrefinaria, prevista para 2028.
Próximos passos
Em visita a Rio Grande em fevereiro, Magda reafirmou o compromisso da estatal com o projeto e garantiu que a Riograndense será a primeira refinaria do país a operar sem utilizar petróleo, apostando exclusivamente em óleos vegetais. Atualmente, a Refinaria aguarda a entrega dos estudos finais, prevista para o próximo mês. No terceiro trimestre, os acionistas deverão deliberar sobre a formalização do investimento, decisão que será fundamental para consolidar Rio Grande como pioneira nacional na produção de combustíveis verdes.