O primeiro discurso do papa Leão XIV foi enxuto e simples, mas trouxe um recado fundamental para a sociedade. Se hoje a Igreja Católica já não possui o poder político de outrora, é ainda uma instituição norteadora de costumes para cerca de um bilhão de pessoas. Dessa forma, é importante que seu líder máximo instigue ideias como paz, diálogo e caridade.
A mobilização mundial em torno da escolha do pontífice mostra que a Igreja Católica possui uma relevância bárbara nas nossas relações sociais. A imprensa deu espaço como poucos assuntos, em todas as rodas de conversa havia especulações, primeiro sobre o escolhido, e depois sobre o perfil do americano Robert Francis Prevost. Em tempos de lideranças frágeis e busca por engajamento barato em redes sociais, o papa conseguiu indicar, em poucas palavras, o caminho e o tom que são necessários não apenas para a instituição que representa e seus seguidores, mas que deveria ecoar entre todos os cidadãos.
Hoje vemos líderes políticos que pouco pensam no coletivo ou no impacto geral de suas ações e seus legados. Focam em falar para suas bolhas – muitas vezes a partir da cisão com o “outro lado” – e em inflar o próprio ego. É quase um culto à imagem, não ao coletivo, ao resultado e à evolução da sociedade. É ver o que os vereadores fazem, por exemplo. Gabam-se de pedidos de providência de detalhes, de debater a fundo o sexo dos anjos, mas mantém a Lei da Inovação travada há quase dois anos. Prefeitos chegam e vão e raríssimos ficam marcados por atos que, de fato, melhoraram a vida de alguém. Qual o ponto?
O papa Leão XIV terá um longo caminho pela frente. Vai agradar e desagradar. Avançar em alguns pontos e frustrar em outros. É da vida, afinal, o cargo também é político. Mas a mensagem de diálogo e paz é fundamental para nortear ao menos parte da população que estiver realmente disposta a ouvir. Os grandes ganhos da vida raramente vêm de quando falamos, mas de quando ouvimos.