Pelotas foi a cidade que mais construiu imóveis do segmento econômico no Rio Grande do Sul em 2024. Com 2.070 unidades lançadas – sobretudo do Minha Casa Minha Vida –, o município teve o terceiro melhor desempenho da região Sul do Brasil.
O levantamento, realizado pela Brain Inteligência Estratégica, revela que Pelotas superou Porto Alegre (2.013 unidades) e ficou atrás apenas de Londrina (PR), com 3.106 lançamentos, e Almirante Tamandaré (PR), com 2.488. A análise considerou as 18 maiores cidades gaúchas, que juntas concentram 43,3% da população do Estado.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Pelotas, Marcos Fontoura, os números refletem o fortalecimento da cidade como polo regional e destacam o trabalho da entidade e das construtoras. “Nós temos um sindicato forte e nós temos empresas associadas muito qualificadas na construção de habitações do Minha Casa Minha Vida, as habitações de interesse social”, afirma.
Conforme ele, atualmente o município possui um déficit habitacional de cerca de 15 mil imóveis – especialmente das faixas 1 e 2 do MCMV. Para Fontoura, a alta demanda contribui diretamente para o crescimento das construções do segmento econômico.
Apoio federal e municipal
O dirigente destaca ainda a importância das políticas habitacionais federais, como o Minha Casa Minha Vida, e o apoio do município para fortalecer o programa. Em abril, a Câmara de Vereadores de Pelotas aprovou um projeto de lei, enviado pelo governo de Fernando Marroni (PT), que concede isenções para a construção de moradias populares das faixas 1 e 2 do programa Minha Casa, Minha Vida.
Entre os benefícios previstos na lei, estão a redução ou isenção das alíquotas de ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) e ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), além de isenção de IPTU durante as obras e a isenção de taxas.
Cenário estadual
Apesar do desempenho expressivo de Pelotas, o cenário geral do Rio Grande do Sul em 2024 foi de crescimento moderado. O Estado registrou 18.205 unidades econômicas lançadas, alta de 4,2% sobre 2023, ficando bem atrás de Santa Catarina – 46.045 unidades – e Paraná – 27.955.
Além dos lançamentos econômicos, as vendas de imóveis em todos os segmentos também foram um ponto positivo no RS. Ao todo, foram comercializadas 22.881 unidades ao longo de 2024, uma alta de 11% em relação ao ano anterior, reduzindo o estoque de imóveis disponíveis e sinalizando aquecimento no setor.
Desafios do setor
A principal problemática elencada pelo presidente está na alta da taxa básica de juros, que, apesar de não ter impacto nos financiamentos do MCMV – subsidiados pelo governo federal – afeta diretamente as construtoras e o consumidor.
“Todos os materiais que fazem parte da cadeia produtiva, que são usados na construção, são afetados diretamente pela Selic. O dinheiro fica mais caro, o giro das empresas fica mais caro e, consequentemente, vai para o preço final dos produtos. Acaba elevando o custo total da construção”, argumenta Fontoura.
Perspectivas para 2025 e novas oportunidades
Registrando um crescimento contínuo nos últimos anos, o Sinduscon pelotense projeta um 2025 com uma nova crescente, mas com algumas preocupações e cuidados no mercado. Fontoura afirma que “não adianta a gente disponibilizar a venda de imóveis quando a população, o nosso cliente final, aquele que vai fazer a aquisição do seu imóvel, ele não está apto para buscar financiamento imobiliário”.
O presidente demonstra preocupação quanto à capacidade aquisitiva dos pelotenses.
“Se a família está endividada, ela não tem a capacidade de buscar um financiamento adicional. O mercado da construção civil tem acreditado e em lançado produtos, tanto do Minha Casa Minha Vida como de outras faixas de renda, mas a preocupação é constante quanto à capacidade econômica do cliente final, da população em geral, na hora de buscar esse crédito imobiliário”, justifica.
Conforme o levantamento de fevereiro da Serasa Experian, Pelotas possui 111,3 mil pessoas endividadas, sendo o quarto município gaúcho com o maior índice. Ao todo, a dívida dos pelotenses ultrapassa R$ 618 milhões.