Biólogo por formação, Vinicius Campos, natural de Cruz Alta, chegou para estudar na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e nunca mais saiu de lá. Ainda como estudante, pode ver de perto o poder transformador de uma boa ideia conectada à sociedade.
Como chegasses à UFPel? Na época, como era o cenário da inovação da universidade?
Cheguei na UFPel como aluno de graduação em Biologia, no ano de 2003. Naquele momento, a UFPel, assim como a maioria das universidades brasileiras, ainda discutia pouco sobre inovação como política institucional. A universidade tinha o conhecimento, mas ainda não tinha as pontes. Durante minha formação de Mestrado e Doutorado em Biotecnologia, vi esse cenário evoluir em algumas unidades da instituição, mas ainda com pouca cultura de transferência de tecnologia. Somente em 2018 a universidade realizou a primeira transferência de tecnologia para uma empresa, não por acaso, oriunda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia.
Hoje, quais foram os principais fatores que tornaram a UFPel referência em inovação?
Hoje, buscamos atuar e dizer que inovação é um quarto pilar da universidade, além do ensino, pesquisa e extensão. A universidade já é uma referência nestes três pilares, mas identificou que também pode se tornar uma referência em inovação, especialmente após a aprovação da Política Institucional de Inovação de 2019. A partir da criação da Superintendência de Inovação e Desenvolvimento Interinstitucional, em 2021, a área passou a ter peso equivalente às demais pró-reitorias. Nesse sentido, algumas ações e resultados têm colocado a universidade em destaque. Desde 2021 a UFPel é líder no depósito de patentes no Estado do RS e tem realizado de forma crescente uma série de acordos, convênios e contratos com empresas e órgãos públicos no tocante à inovação, captando recursos financeiros para o desenvolvimento de novas tecnologias.
Qual a importância para a região em contar com pesquisa de ponta?
É vital. A pesquisa de ponta é o motor de desenvolvimento regional. Na nossa cidade e região temos várias universidades e institutos de pesquisa, como em poucos lugares do país. Em um país tão desigual como o nosso, ter uma universidade pública produzindo ciência de excelência no interior do Rio Grande do Sul é uma chance histórica de reequilibrar o jogo. Apostar em ciência e tecnologia como vetor de desenvolvimento social e econômico e utilizar o potencial de inovação de nossas Instituições de Ciência e Tecnologia da região. Todos os países que seguiram esse modelo tiveram sucesso.
O que é o Levantamento Institucional de Inovação da UFPel?
O Data Inova consistiu em um questionário breve, mas abrangente, investigando o conhecimento e percepções sobre inovação entre os membros da Universidade, incluindo questões de gênero, diversidade e aspectos específicos da inovação na UFPel e na região. A iniciativa não só coletou dados valiosos para o planejamento e a implementação de estratégias de inovação na Universidade, mas também buscou promover o engajamento e a conscientização sobre o tema dentro da comunidade universitária. O Data Inova teve a participação de cerca de 3 mil pessoas. É o maior levantamento sobre inovação feito numa universidade. Na próxima, quinta-feira, dia 15 de maio, às 17h, no Pelotas Parque Tecnológico, iremos apresentar os resultados para a comunidade. Todos estão convidados.