Moradores da Colônia Z-3 temem nova enchente e cobram prevenção

Preocupação

Moradores da Colônia Z-3 temem nova enchente e cobram prevenção

Limpeza realizada em partes do arroio Cedrinho não resolve problema da cheia do canal que deságua na Lagoa dos Patos

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Atualizado quarta-feira,
07 de Maio de 2025 às 09:19

Moradores da Colônia Z-3 temem nova enchente e cobram prevenção
Cerca de 90% dos moradores da colônia de pescadores foram atingidos pela enchente. (Foto: Jô Folha)

A previsão de chuva para esta quarta-feira e para quinta-feira no Sul do Estado deixa em alerta uma comunidade que já enfrentou três grandes enchentes só na última década: a Colônia de Pescadores Z-3. Há um ano, o local ficou isolado depois que a cheia da Lagoa dos Patos danificou a ponte que liga a colônia ao balneário dos Prazeres e à cidade. 90% dos moradores foram atingidos e tiveram que deixar as casas. A maioria ainda sente os efeitos da cheia e não sabe se suportaria enfrentar os efeitos de uma nova crise climática. Equipes da prefeitura limparam partes do arroio Cedrinho, o que parece não ser o suficiente para conter um grande volume de chuva.

A dona de casa Carina Teixeira de Farias, 46, mostra até onde a retroescavadeira chegou, ao lado de sua casa. O serviço de drenagem foi apenas na valeta, pois o equipamento não tinha capacidade para chegar até o canal que fica aos fundos do sobrado. Nas duas primeiras cheias, a família conseguiu se manter no andar de cima. Mas em maio, quando a água passou de um metro e meio, ela precisou ir para a igreja, onde ficou em uma barraca. “Quando voltei da cidade hoje (ontem) e vi a água descendo pela lagoa dei graças a Deus, pois é sinal que está escoando”, comenta. O local a que ela se refere é na ponte, onde a limpeza do canal foi ampliada.

A experiência de quem viveu

Com a experiência de outras enchentes a moradora acredita que só uma limpeza em toda a extensão do arroio resolveria o problema dos alagamentos. “Quando a água tranca ali [ponte], aí é um desespero, porque pode subir e entrar água para dentro das casas de novo. O psicológico da gente não aguenta.” A moradora conseguiu preservar alguns móveis no andar de cima, mas a filha que mora junto, perdeu tudo que tinha em casa. “Tivemos bastante apoio. Ganhamos bastante coisa e conseguimos repor de novo o que foi perdido. Por isso o medo de ter tudo direitinho e a água levar novamente”.

O pescador Jadir Castro, 54, diz que só com a construção de uma taipa, ou um dique, em toda a extensão das casas para não ter mais enchente no Cedrinho. Ele mora em frente ao canal e para chegar na sua casa em maio, arriscou andar com água na altura do peito. “E eu acho que só o que fizeram aí [limpeza] não resolve. Se vier uma chuva, esgotará tudo. Só limparam esse vão e mais nada”, relata. Ele prevê que a vegetação que tiraram de dentro do arroio e deixaram à margem, vai acumular mais água. “Na época eu perdi tudo e agora que eu estou reconstruindo, a previsão de chuva deixa uma pulga atrás da orelha.

Acesso

Uma outra informação que chegou até os moradores é que o Exército retiraria a ponte construída provisoriamente em junho do ano passado e que até agora serve de acesso à colônia. O local havia apresentado problemas estruturais na cheia de setembro de 2023 e ficou totalmente danificada em maio de 2024. A estrutura provisória deveria ser substituída por uma de concreto, mas o projeto ainda não saiu do papel.

A prefeitura garante, no entanto, que está na fase final de preparação da documentação para abrir processo licitatório. Após parecer da Procuradoria do Município, caso favorável, o edital da licitação será aberto, para que as empresas interessadas possam apresentar suas propostas. “Projeta-se que até o final do segundo semestre tenhamos a ponte definitiva”, diz o secretário de Urbanismo Otávio Peres.

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