Copom eleva taxa de juros para 14,75%, maior nível desde 2006

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Copom eleva taxa de juros para 14,75%, maior nível desde 2006

Economistas avaliam que aumento da Selic é necessário, mas efeitos são incertos

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Copom eleva taxa de juros para 14,75%, maior nível desde 2006
Decisão foi tomada pelo Copom do Banco Central. (Foto: Divulgação)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (7) a taxa básica de juros (Selic) de 14,25% para 14,75% ao ano, atingindo o maior nível desde agosto de 2006. A alta de 0,5 ponto percentual marca a sexta elevação consecutiva desde setembro do ano passado, quando se iniciou o ciclo de aperto monetário.

A decisão já era amplamente prevista pelo mercado, como indicava o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira pelo Banco Central, e vem em resposta a um cenário de inflação persistente. O documento indica que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá encerrar 2025 em 5,53%, levemente abaixo da previsão anterior (5,55%). Apesar da redução, o valor ainda está muito acima dos 4,5% do teto da meta inflacionária.

O economista da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Eduardo Tillmann, observa que a elevação da taxa de juros pode ter impactos negativos na economia. “Reduz o consumo, tanto por parte dos indivíduos, via consumidores, como por parte das empresas. A gente entra em um espiral meio negativo, porque os consumidores passam a consumir menos, as empresas também passam a investir menos”, explica.

Ricardo Aguirre Leal, economista da Furg, argumenta que o aumento da Selic significa, para as famílias, “adiar as compras”. Ele também destaca que o setor da construção civil, que depende constantemente de financiamentos, terá grande impacto.

Tillmann considera que o aumento da taxa de juros é a medida correta para conter a inflação, mas que os efeitos práticos podem ser difíceis de mensurar. “Dizer que é eficaz ou não é muito difícil porque a gente não tem um cenário que a gente chama de contrafactual, o que estaria acontecendo se não tivesse esse aumento da taxa de juros”, argumenta.

Conforme Aguirre, “os efeitos das decisões de política monetária costumam aparecer com defasagem”, ou seja, as medidas adotadas atualmente devem ter impacto principalmente sobre a inflação do próximo ano.

Perspectivas para os próximos meses

Os especialistas consideram que o cenário de alta da Selic deve estar chegando ao fim, mas ficam alertas para alguns fatores internos e externos que podem influenciar as novas decisões, como o gasto do governo e a guerra comercial liderada por Estados Unidos e China. “A gente está dependendo muito de uma melhor resolução, ou pelo menos de uma redução dessa instabilidade da parte macroeconômica. […] Quando as coisas se ajustarem, é que aí sim o câmbio tende a convergir para um valor estável e a inflação acabar ficando mais controlada”, afirma Tillmann.

O que é o Copom?

Criado em 1996, o Comitê de Política Monetária se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, que é a principal ferramenta de política monetária do país. A taxa impacta diretamente o custo do crédito e, consequentemente, a atividade econômica e o controle da inflação.

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