“O maior desafio foram as resistências em não sair de suas casas pelo medo de furto”

Abre aspas

“O maior desafio foram as resistências em não sair de suas casas pelo medo de furto”

Capitão Rodrigo Gomes é comandante da 2ª Cia. Especial do 3° Batalhão dos Bombeiros de Pelotas

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“O maior desafio foram as resistências em não sair de suas casas pelo medo de furto”
Capitão atuou no resgate de vítimas da enchente. (Foto: Arquivo pessoal)

Neste domingo em que se celebra o Dia Internacional do Bombeiro, o Abre Aspas entrevista o Capitão Rodrigo Gomes, Comandante da 2° Companhia Especial do 3° Batalhão dos Bombeiros de Pelotas, que esteve à frente da corporação pelotense durante os eventos climáticos de maio do ano passado, que desabrigou centenas de pessoas.

O militar, com curso Superior de Bombeiro, da turma de 2021, é especialista em Abordagem Humanitária pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo e em Segurança Contra Incêndio pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Há um ano, quando começaram as cheias da Lagoa dos Patos e do canal São Gonçalo, quantos bombeiros passaram a se dedicar ao trabalho intensivo nas áreas atingidas? Chegou a ter bombeiros de outras regiões em Pelotas?

Trabalhamos com 450 Bombeiros Militares contendo Militares dos Estados de Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Roraima, Paraná e Rio de Janeiro.

Com os efeitos do alagamento, que chegaram posteriormente na Zona Sul, foi possível organizar melhor o trabalho em Pelotas. Quais eram as principais atividades dos bombeiros de início? E os maiores desafios para a corporação?

A nossa principal atividade inicial foi o trabalho de prevenção. Chamamos de “resgate no seco” quando a pessoa decidia sair de sua casa quando a água começava a ficar mais perto. O maior desafio foram as resistências em não sair de suas casas pelo medo de furto. Diante disso, foi montado uma estratégia de que se a pessoa resolvesse ficar em casa ela colocaria um pano, lençóis ou algo em tom Azul se estivesse em casa em segurança ou vermelho se estivesse enfrentando alto risco.

Os bombeiros e outras equipes foram para rua bater de porta em porta alertando os moradores? Era difícil convencer os moradores a deixarem suas casas?

Fomos diversas vezes bater de porta em porta e o convencimento era de uma forma técnica explicando que aquele local estava na iminência de um risco de alagamentos. Quando se recusavam a sair continuávamos monitorando até sua saída.

Quais eram os maiores perigos da navegação pelas ruas do Laranjal, durante o período crítico das cheias?

Os maiores perigos eram os lixos e carros submersos na rua.

O senhor lembra como as pessoas resgatadas recebiam as equipes de resgate?

Recebiam de forma compreensiva diante da situação. Não tivemos atrito com a comunidade.

O Corpo de Bombeiros mais uma vez mostrou capacidade operacional em uma situação crítica, diferente do que se acostuma a pensar na atuação dos bombeiros, que teoricamente tem a água como aliada.  Há uma preparação específica para o trabalho em enchentes e cheias?

Possuímos treinamentos diários e cursos de especialização de resgate em áreas alagadas.

O senhor tem números de resgates feitos pelos bombeiros naqueles dias?

Em torno de 1.200 resgates.

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