A safra da tainha no estuário da Lagoa dos Patos em 2025 trouxe desafios e surpresas para os pescadores locais. Segundo estimativas divulgadas pelo Fórum da Lagoa dos Patos, a produção entre janeiro e março foi de aproximadamente 828 toneladas, com uma margem de erro que coloca o número exato entre 562 e 1.244 toneladas. Este levantamento, pioneiro na região, fornece um primeiro panorama da atividade pesqueira no estuário da Lagoa dos Patos.
Safra
A captura da tainha na Lagoa dos Patos ocorre entre outubro e 30 de maio, conforme explicou Márcia Vesolosquzki, extensionista da Emater: “Na Lagoa dos Patos, ela inicia em outubro e termina dia 30 de maio. Mas a corrida da tainha, que eles chamam, é onde tem uma quantidade maior de captura, que é de fevereiro a maio.”
Desafios
Apesar da quantidade significativa, pescadores relataram dificuldades ao longo da safra. Segundo Sérgio Luis de Andrade, da Colônia de Pescadores de Pelotas, a captura melhorou apenas depois da Semana Santa. “Agora que ela [tainha] apareceu de verdade. No geral, foi uma safra boa, melhor do que a gente esperava.” No entanto, o preço pago pelo pescado decepcionou muitos trabalhadores. A média de venda foi de R$ 3,00 a R$ 3,50 por quilo, abaixo dos R$ 4,50 e R$ 5,00 praticados no ano anterior. “Foi bem diferente do que a gente esperava. O preço estava lá embaixo. A maioria dos compradores não quiseram comprar tainha,” lamentou Sérgio.
Além do preço baixo, as condições ambientais também impactaram negativamente a pesca. A enchente que atingiu a Lagoa dos Patos comprometeu a qualidade da água e dificultou a captura do pescado. Gelson Castro, pescador local, descreveu o cenário: “A nossa lagoa tava minada de pescaria. Aí deu aquela enchente e levou tudo embora. Levou sonhos, levou tudo.” A expectativa dos pescadores é que o ecossistema leve um ou dois anos para se recuperar completamente.
Ainda assim, a pesca da tainha gerou R$ 29 milhões em receita para os municípios que compõem a Lagoa dos Patos: Rio Grande, São José do Norte, São Lourenço do Sul e Pelotas, segundo a Emater. Com o encerramento da temporada em 30 de maio, os pescadores avaliam os impactos dos desafios enfrentados e buscam estratégias para melhorar a comercialização nos próximos anos