A ponte Wilson Mattos Branco, em Rio Grande, está interditada desde o dia 22 de maio do ano passado, quando parte da estrutura cedeu com a força das águas durante o período de enchente. Está é, há quase 30 anos, a principal forma de travessia entre a Ilha dos Marinheiros e a Ilha do Leonídio. Desde julho, o transporte de veículos é realizado por meio de uma balsa, mas o serviço foi paralisado na última quarta-feira (30), após um pequeno acidente, segundo a prefeitura. Desde então, moradores passaram a se arriscar na travessia terrestre para cumprir compromissos.
A hélice e o eixo da balsa sofreram danos após a embarcação ter se chocado com um pneu que estava enrolado em uma rede de pesca. O incidente ocorreu na segunda viagem da balsa para a Ilha dos Marinheiros, sendo o serviço interrompido em seguida. As peças precisaram ser levadas para Porto Alegre e a expectativa era que o serviço voltasse a ser fornecido para os cerca de 800 moradores da localidade até o final da sexta-feira (2).
Desobstrução da ponte
Ainda na quinta-feira (1º), um grupo de moradores retirou o bloqueio que impedia a travessia de veículos pela ponte Wilson Mattos Branco. A prefeitura de Rio Grande, em nota, alerta sobre os riscos da passagem pela estrutura. “O bloqueio foi feito por questões de segurança à população, uma vez que a estrutura está comprometida, e a ponte não deve ser utilizada”.
A empresa responsável pela obra de reparo fez um boletim de ocorrência sobre a desobstrução, como forma de respaldo caso aconteça algum incidente na ponte.
Moradores citam abandono e falta de informação
Depois de passarem cerca de dois meses isolados no período de enchentes, os ilhéus passaram a realizar a travessia através da balsa. No entanto, desde o começo das operações, ainda no ano passado, as reclamações dos horários e a apreensão de não terem como sair ou voltar para a localidade são constantes.
Esta não é a primeira vez que os moradores desobstruem as barreiras colocadas pela prefeitura. A moradora Karol Oliveira comenta que a população ficou sabendo da paralisação do serviço de balsa quando já estava na fila para a travessia. “Pegou a todos de surpresa. Está difícil a situação, é só enrolação. Eles [moradores] se juntaram e abriram, mas foi para conseguir sair e trabalhar, não dá pra ficar desse jeito”, diz.
Outra moradora, que não quis se identificar, fala sobre o desencontro de informações que chegam até os ilhéus. “O que chega pra nós é que [a ponte] está estabilizada, mas aí ficamos presos. Não tiro a razão de quem depende dela para ir trabalhar, se achar no direito de passar por ali. A falta de informação para a comunidade causa isso e eles se revoltam”, afirma.
A prefeitura diz estar ciente da ação dos moradores e reafirma não recomendar a passagem pelo local. “É algo inseguro porque ainda não foi feito teste de carga na ponte. Ela está estabilizada, mas o teste é um passo importante que precisa esperar o tempo para sedimentar o material que foi colocado ali”, afirma, via assessoria de imprensa.
No dia 15 de abril, um grupo de moradores realizou um protesto em frente ao Paço Municipal rio-grandino para exigir providências quanto à interdição da ponte. Na manifestação, cartazes alegavam abandono por parte das autoridades.
Andamento da obra
Em reunião com os moradores na Ilha dos Marinheiros no início de abril, a prefeita Darlene Pereira (PT) afirmou que a restauração da ponte não estava parada e que todo o processo estava sendo feito em etapas, com acompanhamento direto de engenheiros.
A concretagem das estacas do pilar que cedeu foi realizada no dia 18 de janeiro e, neste momento, é realizado o trabalho de dragagem para a deposição do material dragado embaixo da ponte. A prefeitura, por meio do Gabinete de Programas e Projetos Especiais (GPPE), trabalha com um aditivo de contrato para a utilização do serviço de draga no local. A expectativa é que o material seja suficiente para fechar o buraco e garantir o nivelamento necessário da estrutura.
Após finalizado este processo, será realizado o teste de carga sobre a ponte, que irá determinar a continuidade da obra e a possibilidade de encaminhar um segundo contrato para a Defesa Civil Nacional e, assim, concluir os trabalhos.
O executivo rio-grandino ainda não tem previsão de término da recuperação da ponte Wilson Mattos Branco.