Falta de qualificação e baixa escolaridade atrapalham geração de empregos

Oportunidades

Falta de qualificação e baixa escolaridade atrapalham geração de empregos

Atualmente, o Sine Pelotas conta com 96 vagas disponíveis e tem dificuldades de preenchimento

Por

Falta de qualificação e baixa escolaridade atrapalham geração de empregos
Em Pelotas, agência do Sine fica na rua General Osório, na esquina com a Lobo da Costa. (Foto: Jô Folha)

Embora o primeiro trimestre do ano tenha registrado um saldo positivo de quase duas mil vagas de emprego na região, o desafio para preencher as oportunidades de trabalho persiste em Pelotas. A maior cidade da região liderou o quadro de geração de empregos na Zona Sul, mas conforme o Sistema Nacional de Emprego (Sine) enfrenta alguns obstáculos em relação às exigências de nível de instrução e capacitação.

Atualmente, o Sine Pelotas conta com 96 vagas disponíveis. Na semana anterior, esse número chegou a 120. A coordenadora do Sine de Pelotas, Evanir Bartz, explica que o número de vagas abertas e preenchidas varia ao longo das semanas e, embora não haja uma dificuldade significativa no geral, a procura por candidatos qualificados é menor em vagas com exigência de formação técnica específica. “A maioria das pessoas que procura o Sine têm apenas o Ensino Fundamental completo”, informa.

Sobre as áreas que mais exigem experiência comprovada, a coordenadora destaca os frigoríficos e o setor de mecânica. Nessas áreas, as empresas geralmente exigem comprovação de tempo de serviço anterior, e isso dificulta o preenchimento dos cargos. Vagas em setores como a construção civil, por outro lado, costumam ser preenchidas rapidamente, pois não exigem, na maioria das vezes, comprovação de experiência prévia.

Análise comparativa

No paralelo entre as listas de vagas divulgadas pelo Sine em 10 e 29 de abril, 21 vagas persistiram (como açougueiro, eletricista e gerente comercial), indicando dificuldade de preenchimento. Oito ofertas desapareceram (como auxiliar de contabilidade e costureira), sugerindo o preenchimento ou o cancelamento. Enquanto isso, no mesmo período, mais de 30 novas vagas apareceram, principalmente em carpintaria, ferragem e operação de máquinas agrícolas.

Fatores como salário e distância também impactam a procura pelas vagas, menciona Evanir. Ela relata: quando surgem oportunidades fora de Pelotas, mesmo com a oferta de alojamento, a adesão dos candidatos é baixa. “O pessoal ter que se deslocar para outra cidade é uma dificuldade”, diz.

Cursos de qualificação

Para tentar melhorar o preenchimento das vagas, o Sine tem discutido a oferta de cursos de qualificação internos, em parceria com instituições. O coordenador do Senac, Tiago Radman, cita que a instituição já desenvolve iniciativas, em conjunto com o Sine inclusive, para a qualificação profissional, especialmente de pessoas com baixa escolaridade. Uma dessas ações é o programa Qualifica RS, em andamento em Pelotas, que visa oferecer capacitação para favorecer uma melhor colocação profissional.

Importância da formação técnica

Segundo o coordenador, quem conclui um curso técnico tende a ganhar, em média, 32% a mais em relação a quem não possui essa formação, além de ter mais oportunidades de trabalho e de crescimento profissional. Radman também cita a pesquisa recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), referente a 2023, que revela: apenas 11% dos jovens brasileiros fazem um curso técnico, enquanto a média nos países desenvolvidos é de 44%.

Ele reforça que o Senac atua justamente para preencher essa lacuna. “O Senac tem uma série de programas para ajudar essas pessoas a entrar no mercado de trabalho, ou mudar sua colocação, e depois melhorar a renda, porque quem faz um curso técnico ganha mais, melhora a qualidade e a produtividade”, conclui.

Acompanhe
nossas
redes sociais