São Lourenço do Sul celebra 141 anos de emancipação política neste sábado. Localizada na região da Costa Doce, a “Pérola da Lagoa” preserva em suas paisagens e em sua gente a memória de séculos de história, sem deixar de olhar para o presente e para um futuro de pleno desenvolvimento.
Para o prefeito Zelmute Marten (PT), o município vive um novo ciclo baseado na participação popular, na valorização dos serviços públicos e na atração de investimentos estratégicos. “Estamos em uma fase muito positiva. Estabelecemos um ambiente baseado no diálogo, porque o diálogo é a nossa natureza. […] Estamos perseguindo [uma cooperação] para criar esse ciclo virtuoso de desenvolvimento para São Lourenço do Sul”, destaca.
Raízes coloniais
Antes de se tornar município, São Lourenço do Sul era parte da Freguesia do Boqueirão, pertencente a Pelotas. Sua emancipação ocorreu em 26 de abril de 1884. Em 1938, o local onde hoje pulsa o centro da cidade recebeu oficialmente o título de cidade.
A formação do município teve papel fundamental na colonização alemã no Rio Grande do Sul. A chegada dos primeiros imigrantes pomeranos em 1858, contratados para povoar e trabalhar a terra, moldou não apenas a demografia, mas também os costumes, o idioma e a religiosidade da cidade.
Força do campo e das águas
A cidade nasceu e cresceu à beira da Lagoa dos Patos, conquistando uma vocação natural para a agricultura e a pesca. Atualmente, o campo ainda responde por mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do município. As culturas de fumo, milho, arroz, soja, e a pecuária de leite e de corte seguem sendo as principais atividades econômicas, com crescente destaque para a produção orgânica e a agricultura familiar.
“São Lourenço do Sul já produz a melhor carne do Brasil através do Frigorífico Coqueiro. Temos na Copar, a nossa Cooperativa da Agricultura Familiar, o beneficiamento diário de em torno de 200 mil litros de leite todos os dias, produzindo queijo, produzindo doce de leite e temos também o beneficiamento de arroz”, destaca Marten.
Como estratégia para o desenvolvimento do setor, o Executivo afirma que vai apostar na inovação e na tecnologia de processos, a partir da agroindustrialização. Além disso, em maio, as principais empresas do município serão homenageadas e receberão um selo de responsabilidade fiscal e promoção do desenvolvimento.
A pesca artesanal também segue como uma forte atividade econômica do município, com mais de 350 pescadores licenciados. O setor foi considerado, no último mês, como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial de São Lourenço do Sul por conta de sua relevância cultural, histórica, econômica e ambiental.
Integração regional e novas conexões
Uma das principais pautas do município está na ampliação de sua presença regional para consolidar seu papel de destaque na metade sul. A atuação dentro da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) tem sido intensificada, o que permite maior articulação política, compartilhamento de soluções regionais e acesso a projetos estratégicos.
Além disso, a cidade busca se conectar com os vizinhos em pautas comuns, como infraestrutura, saúde regionalizada, turismo integrado e desenvolvimento rural sustentável. A ideia é fazer parte de uma rede de cooperação que potencialize as vocações locais e regionais.
A articulação regional foi vista no último mês, quando um consórcio formado por São Lourenço do Sul, Pelotas e Rio Grande foi um dos escolhidos pelo governo federal para participar do curso “Urgência Climática – Implementando Soluções em Territórios Urbanos Vulneráveis”. Os municípios construíram um projeto juntos e foram contemplados entre mais de 60 cidades de todo o país.
Turismo como eixo de transformação
Com cinco quilômetros de praias, paisagens deslumbrantes, eventos tradicionais que movimentam a cidade como o Reponte da Canção, a Südoktoberfest e o Carnaval, São Lourenço do Sul desponta como um dos principais destinos turísticos da Costa Doce. A revitalização de praças e da orla da praia e a criação de roteiros como o Caminho Pomerano fazem parte da estratégia de consolidar o município como referência em turismo cultural, rural, de negócios e de eventos.
O plano municipal de turismo está sendo reformulado com foco na regionalização, qualificação de roteiros, promoção internacional e fortalecimento da rede de hotéis, restaurantes e serviços turísticos. Conforme o Executivo, a meta é tornar o município uma referência consolidada não só no verão, mas ao longo de todo o ano.
Um dos roteiros em destaque é o Caminho Pomerano, que completa 20 anos em 2025 e reforça a identidade cultural da cidade. Para Rodrigo Seefeldt, coordenador do roteiro, o trajeto é uma homenagem viva aos primeiros colonos. “Cada empreendimento que existe no Caminho Pomerano, nessa rota rural, ele busca retratar um pouco desse trabalho e desse legado da imigração alemã aqui no Rio Grande do Sul, […] desde a gastronomia, os museus, a agricultura familiar, os aspectos que ainda fazem parte do dia a dia”, explica
Busca por soluções
Apesar das diversas frentes de desenvolvimento, o município ainda busca soluções para alguns desafios, como os impactos dos eventos climáticos extremos. Desde 1993, a cidade emite decretos consecutivos de emergência, especialmente por estiagens que afetam diretamente o setor agrícola.
No enfrentamento à seca, o Executivo captou R$ 1,2 milhão com as defesas civis estadual e nacional para ações emergenciais de distribuição de cestas básicas. Apesar disso, um plano de prevenção está sendo elaborado para reduzir os impactos da estiagem, com a construção de cisternas, açudes e aquisição de caminhão-pipa.
Para o enfrentamento das enchentes, São Lourenço do Sul aposta em um projeto de resiliência climática inscrito no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Prevê investimentos em macrodrenagem e também a construção de uma sala de situação, que será um espaço onde nós teremos um monitoramento online do clima, colocando sensores na Lagoa dos Patos, no Arroio São Lourenço, no Arroio Carahá, para que nós possamos ter uma previsibilidade cada vez maior em relação aos novos eventos climáticos extremos”, explica Marten.
Recentemente, a saúde também se tornou um desafio. Com atendimentos eletivos suspensos desde dezembro, a Santa Casa de São Lourenço do Sul está passando por um processo de auditoria do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), no qual deve apontar as problemáticas do hospital, que já foi uma das referências da região.