Icaro Schultze é preparador físico e técnico esportivo com trajetória consolidada na promoção do alto rendimento em muitas modalidades. Mestrando em Metabolismo e Desempenho pela UFPel, é proprietário de um centro de saúde e desempenho em Pelotas, onde atende praticantes convencionais e atletas de elite. Ao longo da carreira, preparou atletas de natação, taekwondo, atletismo, futebol, powerlifting, entre outros, atuando inclusive nos Jogos Olímpicos do Rio 2016 e Paris 2024. Seu trabalho se destaca pelo conhecimento técnico, capacidade de controle de carga e relação próxima com os atletas. Também ministra cursos e palestras sobre treinamento físico e gestão esportiva, além de ser colunista do A Hora do Sul.
Como você começou sua trajetória no esporte e o que te levou a seguir nessa área?
Desde criança, sou apaixonado pelos Jogos Olímpicos e pelos grandes eventos esportivos — especialmente desde Atlanta. Sonhava em fazer cobertura jornalística e, para isso, cursar Jornalismo, mas acabei optando pela Educação Física, para estar mais perto dos atletas. Isso me levou a viver dois Jogos Olímpicos e até a carregar a tocha olímpica no trecho final em Porto Alegre. Tivemos a sorte de viver uma Copa do Mundo e uma edição dos Jogos aqui no Brasil, e eu estava no momento certo para aproveitar tudo isso — e aproveitei ao máximo. Quando o Rio 2016 acabou, tive certeza de que o Movimento Olímpico e a luta pelo esporte seriam a missão da minha vida. E que eu nunca mais deixaria de fazer parte disso.
Entre os momentos marcantes da sua carreira até agora, qual deles se destaca para o seu crescimento profissional e/ou pessoal?
Sem dúvidas, ser condutor da chama olímpica, nem que por um momento, foi algo único. Representar a mensagem de paz entre todos os povos e nações é o verdadeiro simbolismo da tocha. Ela carrega essa ideia de que somos todos iguais, e, por um breve período, fui eu quem levou essa mensagem ao mundo. Nunca vou esquecer. Tenho a tocha em casa, um bem de valor incalculável para mim. Outro momento inesquecível foi estar presente no ouro da Rafaela Silva, no Rio, na casa dela. Ouvir o hino nacional e ver nossa bandeira no topo do pódio foi emocionante demais. E, no lado profissional, treinar um atleta que, no começo, mal conseguia competir, e vê-lo chegar ao top 10 mundial em um esporte de gelo — treinando aqui em Pelotas — foi, até agora, o trabalho da minha vida. Agora, o foco é conquistar uma medalha olímpica.
Como você define os seus principais objetivos com o esporte de agora em diante?
Sou um ativista do esporte como fenômeno sociocultural, acreditando no seu poder de transformar realidades. Vivemos em um país onde o esporte ainda não é um valor social, com altos índices de sedentarismo entre os jovens. Meu objetivo é atuar no esporte nacional e internacional, representar o Brasil nos Jogos Olímpicos, e, quem sabe, ter um atleta medalhista. Também busco inspirar as pessoas a praticarem esporte e contribuir para o desenvolvimento do Brasil, tornando-o uma nação com verdadeiro valor esportivo. Essa mudança começa localmente, nas cidades. Se tornarmos Pelotas uma cidade mais ativa e segura, com práticas esportivas acessíveis, certamente evoluiremos como sociedade. O esporte vai além da saúde física. Ele desenvolve intelecto, raciocínio lógico, liderança, trabalho em equipe, e nos ensina a lidar com vitórias, derrotas e, especialmente, com as dores mentais. O esporte tem esse poder, e essa é a minha luta.