Um jogo de tabuleiro criado pela designer Jésia Vunschel Gualter, como trabalho de conclusão de curso no bacharelado em Design do IFSul, está concorrendo ao IF (International Forum) Design Student Award, a maior premiação internacional desta área, voltada para estudantes, que é este caso, e para profissionais. Esse ano foram inscritos 6,6 mil projetos e selecionados 300 finalistas divididos em diferentes categorias. A solenidade de entrega do prêmio ocorrerá no dia 20 de junho, no Guggenheim Museum em Bilbao, na Espanha.
“É emocionante, no primeiro dia que eu soube que era finalista eu chorei horrores”, confessa Jésia. O trabalho enviado pela, então, estudante, surgiu do TCC Rua das Crianças Corajosas: Jogo de tabuleiro como ferramenta de apoio na orientação sexual infantil, defendido em setembro do ano passado.
A orientação foi da professora Mariana Piccoli e o projeto se tornou finalista na categoria Igualdade de Gênero. “É um prêmio antigo, desde 1953, e muito prestigiado, conhecido como Oscar do design. Foi algo muito grande o que a Jésia conseguiu”, comenta a professora Mariana.
Trabalho preventivo
A ideia foi criar algo interativo para auxiliar as crianças a diferenciarem, por exemplo, carinho e cuidado de assédio, como uma forma de previnir comportamentos inconvenientes e o abuso sexual infantil. Conversando com psicólogos, professores, pedagogos, especialistas na área e buscando informações em pesquisas que Jésia chegou ao modelo desenvolvido.
“Nisso vimos que jogo seria a forma mais abrangente para alcançar tudo o que a gente queria passar”, fala a designer. A professora Mariana comenta que o jogo dá mais possibilidades da criança se expressar, de se tornar protagonista da atividade lúdica.
O jogo foi criado para ser utilizado nas escolas. A explicação para a escolha de pensar uma atividade específica para este ambiente é simples e ao mesmo tempo muito perturbadora: “Quando vamos pesquisar os dados sobre violência contra as crianças no Brasil, a maioria acontece em casa. Onde a criança se sente mais segura é na escola”, conta a designer.
É na escola que as crianças expressam, de alguma maneira, suas angústias e medos. “Elas acabam contando para a professora, para o coleguinha e até no comportamento as professoras conseguem notar que há algo errado”, explica Jésia.
Seis estrelas
O jogo pedagógico Rua das Crianças Corajosas, voltado para pequenos a partir dos quatro anos, traz um livro guia, um tabuleiro e outros elementos, como: avatares com diferentes características para que elas possam se identificar com os personagens e cartinhas contendo situações que serão apresentadas para os participantes. Essa não é uma competição, por isso foi criado um sistema de distribuição de estrelinhas. Quando o participante conquista seis estrelas, ele ganha uma medalha e o jogo é finalizado.
“É um jogo para abrir a discussão e para orientar as crianças, tentando trazer um pouco de ludicidade para esse assunto tão sério e pesado”, comenta a professora.
Por enquanto há somente um protótipo e a expectativa da designer é poder produzir outros modelos e distribuí-los em escolas, especialmente as de ensino público. “Estamos em duas lutas, uma é tentar ir para a Espanha e a outra é produzir esse modelo”, fala a professora. O jogo foi premiado como Melhor TCC em um concurso da PUC-RS e medalha de prata Bornancini de Design na categoria de Impacto Positivo.