Tradição na Sexta-feira Santa, a encenação da A paixão de Cristo foi uma atração em Piratini. A realização é da Galera da Arte Cia de Teatro, que realizou duas apresentações públicas na praça dos Correios do município, uma na sexta-feira (18) e a outra no sábado (19), ambas às 21h.
Esta foi a primeira vez que a Galera da Arte faz essa encenação, o grupo criado há dois anos tem como orientador o ator Ilson Soares, que assina o roteiro e a direção. “Esse roteiro eu escrevi há dez anos e nunca consegui fazer”, conta Soares.
Agora, com o apoio de empresários e comerciantes parceiros, a companhia conseguiu tirar do papel o antigo sonho de Soares. “Meu maior problema era figurino e elenco e agora eu consegui juntar uma parceria para levar esse projeto”, fala o ator.
A paixão de Cristo costuma ser um espetáculo grandioso e caro, que envolve muitas pessoas no elenco, por exemplo, além de todo um figurino de época e efeitos especiais necessários nesta montagem. O roteiro descreve a última semana de vida de Jesus Cristo, desde sua entrada triunfante em Jerusalém até sua morte na cruz.
Comunidade incentiva
O grupo apresentou a sua primeira grande produção em novembro do ano passado, durante a 1ª Mostra Teatral de Piratini, realizada pela Companhia na fazenda Dom Martim. Neste evento, a Galera da Arte encenou a peça Alma corrompida, com trama baseada na lenda do Negrinho do Pastoreio.
O espetáculo foi tão bem-sucedido que muitas pessoas da comunidade se prontificaram em ajudar o grupo em outras produções. “Quando terminou Alma corrompida o elenco começou me incentivar para fazer A Paixão de Cristo. Teve alguns empresários que viram o nosso outro trabalho e vieram até nós oferecer apoio”, relembra Soares.
O ator Ruan Ferreira(vilão em Alma corrompida), que estava com os cabelos mais compridos por causa da encenação anterior, desafiou Soares a realizar o seu sonho com ele no papel de Jesus. Com mais esse incentivo, o diretor resolveu desengavetar o espetáculo.
Mais de 40 envolvidos
Direta e indiretamente, mais de 40 pessoas estão envolvidas neste projeto. Apesar de movimentar todo esse pessoal, Soares ainda almeja ter 50 atores masculinos no núcleo de apoio, para interpretarem sacerdotes ou guardas e povo. “Ainda sonho em ter, mas agora é um primeiro passo e é uma produção boa”, fala.
Para conseguir realizar o projeto, que está sendo ensaiado desde fevereiro, Soares procurou compartilhar o trabalho com quem viesse a agregar. Uma dessas pessoas é o pedreiro, carpinteiro e artesão Manoel Lima foi quem resolveu o problema da cruz. “Ele está criando várias técnicas para montar e desmontar a cruz e vai ser um figurante operacional. Ele vai ser um guarda romano, porém o serviço dele é justamente dar segurança ao ator que estará crucificado”, conta.
As armaduras dos soldados romanos foram feitas com a ajuda de Nilton Castro e Cássio Andrade. Os capacetes dos guardas romanos foram comprados pela internet e o custo foi pago com recursos doados por pessoas da comunidade. “E eu tenho as minhas fiéis escudeiras, que são as costureiras Lilian Dumer e a Joelma Garcia”, lembra o ator.
Jornada de 30 anos
Soares, que tem 39 anos, se diz movido pela arte há muito tempo. Sua jornada no teatro começou há 30 anos ainda na escola, sob o olhar atento da professora Vera Pinheiro, e ganhou força com o incentivo da professora Nara Terezinha. Com o tempo, passou de ator a roteirista e diretor, escrevendo e montando peças que marcaram sua trajetória.
Ilson é também um dos criadores do City Tour Temático, um projeto criado em 2003 e que permanece encantando os piratinienses e visitantes até hoje. Entre tantos projetos, havia um que nunca saía do seu coração: a encenação da Paixão de Cristo em Piratini.