Um dos leilões mais estratégicos do Porto de Rio Grande deve acontecer em maio. Em processo final de análise do Tribunal de Contas da União (TCU), o certame de uma área na Ponta Sul do Porto Novo será utilizado para implantação de um terminal de uso privado para movimentação e armazenagem, sobretudo, de celulose. O lance mínimo estipulado é de R$ 147 milhões, e o investimento total exigido ultrapassa os R$ 800 milhões.
A área é cobiçada pela multinacional chilena CMPC, que articula a construção de uma nova fábrica de celulose em Barra do Ribeiro. O projeto industrial é avaliado em R$ 24 bilhões e, segundo a empresa, só será viabilizado com a conquista do terminal no porto. “Sem esse terminal, não tem como fazer o investimento. Isso é chave para nós”, afirmou o diretor-geral da unidade de Guaíba da CMPC, Antônio Lacerda, ainda em 2024.
A nova planta da empresa deve gerar 12 mil empregos na fase de obras e 1,5 mil postos diretos e indiretos na operação, com capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas de celulose branqueada por ano. O escoamento da produção será 100% pelo modal hidroviário, o que reforça a necessidade da infraestrutura portuária em Rio Grande.
Impacto regional
Para o gerente de planejamento e desenvolvimento da Portos RS, Fernando Estima da Portos RS, Fernando Estima, a concessão marca um momento decisivo para o desenvolvimento logístico e econômico do Estado. “Estamos muito otimistas. É mais um projeto que nós estamos trabalhando para que efetive, porque isso vai gerar muita oportunidade, renda e impostos para gerar uma outra condição para a nossa zona sul”, avalia.
O projeto prevê R$ 780 milhões de investimentos apenas nos primeiros quatro anos no terminal rio-grandino, além de impactos diretos em outras regiões. Em Pelotas, haverá a duplicação da carga existente, enquanto em Barra do Ribeiro será criado um terminal na hidrovia. “Hoje navega em torno de 2 milhões de toneladas e em alguns anos, 4 ou 5 anos, a partir da nova planta, chegará em torno de 4 milhões de toneladas na hidrovia”, projeta Estima.
Além de movimentar a cadeia da construção e da operação portuária, a concessão deve ampliar a arrecadação pública com impostos e geração de renda. Conforme levantamento do governo do Estado, a empresa vencedora pagará cerca de R$ 1,8 bilhão em impostos ao longo do contrato.
Expectativa de movimentação
Com a operação plena da nova planta da CMPC e do terminal portuário, a estimativa é que o Porto do Rio Grande passe a movimentar mais de 4,5 milhões de toneladas de celulose por ano até 2035, consolidando o Rio Grande do Sul como um dos polos logísticos mais relevantes da América Latina no setor.
Histórico da área
A área que será leiloada foi anteriormente concedida à Construtora Queiroz Galvão, em 2005, com o compromisso de manter um faturamento mínimo de R$ 150 milhões anuais e gerar mil empregos permanentes. Com as atividades paralisadas desde 2017, a empresa não cumpriu os termos do contrato, o que resultou na rescisão da concessão.