Há 100 anos
O Jornal da Manhã de Pelotas organizou uma série de atos solidários em benefício da comunidade da ilha do Caju, em Niterói, estado do Rio de Janeiro, atingida por uma explosão, que vitimou cerca de 600 pessoas e pôde ser sentida em toda a Baía da Guanabara. Entre as ações estava um concerto com a cantora lírica pelotense Zola Amaro, conhecida nacionalmente.
A explosão no Cajú aconteceu em 27 de março, em um trapiche onde eram guardados artefatos como pólvora, dinamite, gasolina, breu, tubos de oxigênio e outras substâncias inflamáveis. O local prendeu fogo e a explosão foi comparada ao tiro de mil canhões.
Apesar da distância, na cidade do Rio de Janeiro, então capital federal, diferentes comunidades sentiram o impacto, deixando algumas ruas sem luz. Um incêndio em duas embarcações que descarregavam gasolina foi a origem da explosão.

Zola Amaro
Tragédia poder ser evitada
As residências da ilha do Caju foram carbonizadas e o fogo se espalhou pela ilha da Conceição atingindo o bairro operário Ponta d’Areia. O corpo de bombeiros, desprovido de equipamentos e embarcações adequadas para incêndios no mar, ficou impotente para evitar a disseminação do fogo. O combate ao incêndio durou dias.
Na época, os jornais alertavam que a tragédia poderia ter sido evitada ou ao menos mitigada. Em 1920 um evento semelhante aconteceu naquelas imediações, porém os governos do Estado do Rio de Janeiro, do país ou da cidade de Niterói não agiram com o rigor que a situação exigia. O desastre mobilizou diferentes comunidades do país, que se mobilizaram em atos de solidariedade.
Um vítima em Pelotas
Em uma carta ao jornal A Opinião Pública um leitor, que se dizia vítima da tragédia em Niterói comentou que os eventos promovidos pelo Jornal da Manhã tinham arrecadado uma quantia considerável em contos de réis. “Depois do desastre vim para o sul à procura de trabalho,… sou por conseguinte uma vítima do Caju”, escreveu.
O leitor que não quis se identificar disse que não tinha 10 contos de réis para ir ao concerto de Zola Amaro e, como até aquele momento ninguém sabia para onde enviar os donativos da caridade pública, nem quem eram ou o exato número de vítimas, ele desejava saber o quanto lhe caberia daquele montante.
A “vítima do Caju” ainda lembrava de uma história que ouviu no Rio de Janeiro, sobre uma revista que produziu um chá para as vítimas da seca. “Enquanto no jardim, pares às dezenas flertavam em mesinhas de vime, um guarda civil imponente e empertigado, no portão, dizia a um pobre faminto, vindo do Ceará, que queria entrar na festa que era sua: ‘Desafasta, seu…‘. Antes que alguém no portão do theatro, na hora do concerto … mande desafastar-me…, eu vou, esperando… a parte que me toca nestas subscrições.”
Fonte: A Opinião Pública/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; blog Que República é Essa/portal Gov.br; Folha de São Paulo
Há 50 anos
Diretoria do Semturpel está otimista com a área turística do município
O diretor do Serviço Municipal de Turismo (Semturpel), Maurício Antonio da Silveira, estava satisfeito com as conquistas do setor no ano de 1974 e mostrava-se otimista para com o de 1975. Para seguir evoluindo, a direção do Semturpel tinha construído diferentes projetos, alguns estavam em análise pelo poder público. A maior aposta era o camping que seria construído no Laranjal.
O camping seria de grande importância, na visão do diretor, porque a cidade estava bem servida de estabelecimentos de hospedagem. A proposta era que a cidade se voltasse para o setor de lazer, que junto com a hotelaria, seriam os grandes trunfos turísticos do município.
Características modernas
“Os balneários do Laranjal já representam um dos pontos mais importantes para a atração de correntes turísticas e a construção de um camping com características modernas traria novas forças”, na avaliação da diretoria. Naquela época o projeto do camping estava na Secretaria de Turismo do Estado para avaliação.
Entre os principais pontos turísticos da cidade, destacados pelo diretor, estavam a Bibliotheca Pública Pelotense, a Catedral São Francisco de Paula, o Clube Comercial, a Cascata, a Cachoeira do Arco Íris, o Morro Redondo, a Colônia Progresso e o Laranjal.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense