O Hospital Universitário São Francisco de Paula, em Pelotas, poderá se tornar uma nova referência da região para atendimentos de traumatologia. A especialidade atualmente tem como referência a Santa Casa do Rio Grande, que está com os atendimentos eletivos restritos desde 10 de janeiro e a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas.
A ampliação das referências da traumatologia foi uma das pautas da reunião da Associação dos Prefeitos da Zona Sul (Azonasul), realizada ontem, em Rio Grande. A especialidade é a quarta maior demanda reprimida da região, com mais de cinco mil pacientes na espera por uma consulta.
“Não vai deixar de existir a referência na Santa Casa de Pelotas e nem na Santa Casa de Rio Grande. Esses serviços continuam intactos, mas hoje pelo grande número que existe na região se precisa de uma nova porta de entrada de urgência e emergência em traumatologia”, ressalta o prefeito de Pinheiro Machado e presidente da Azonasul, Ronaldo Madruga (PP).
Negociação
O presidente da Azonasul garantiu que dialogou com o reitor da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Carlos Bachettini, que “não se opôs ao tema”, mas ressaltou a necessidade de melhorias nos equipamentos do hospital. Madruga garante que esse recurso será buscado através do governo estadual e federal e da bancada gaúcha na Câmara de Deputados.
“O que precisamos construir com a sua equipe é a questão de equipamentos, de recursos. Estou aguardando uma próxima reunião com ele para saber desse interesse. Havendo o interesse nós vamos nos mobilizar para junto da bancada gaúcha buscar recursos federais para equipamentos”, afirma.
Pelotas
Fernando Marroni (PT), prefeito de Pelotas, observa com bons olhos a possibilidade de uma ampliação na referência de traumatologia, mas reforça que é necessário entender se os recursos para o tema serão ligados ao município ou ao governo estadual.
“Isso deve passar pela CIB [Comissão Intergestores Bipartite], que é quem faz a regulação, os prestadores de serviço de Pelotas, porque se for um credenciamento regional é uma coisa, se for um credenciamento municipal, vai passar pela administração de Pelotas, então a gente tem que ver qual vai ser a modalidade”, explica.
Com mais de 50 mil consultas em espera na central municipal, Pelotas tem a maior demanda reprimida da região e precisa buscar soluções para a superlotação dos hospitais. Marroni garante que com o recurso federal de R$ 11 milhões conquistado na última semana, será possível dar celeridade à fila.
“Assim que nós recebemos o recurso, que o Ministério compreende necessário, nós vamos começar a contratualizar com os hospitais e as clínicas de Pelotas para absorver esse serviço”, afirma.
Recursos estaduais
Madruga e Marroni atribuem a crise na saúde da região à falta de repasses do governo estadual, que, conforme eles, deixou de investir mais de R$ 2 bilhões em 2024. Em 2023, conforme análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o governo do RS teria deixado de aplicar em saúde cerca de R$ 1,3 bilhão.
A Constituição Federal prevê que os governos estaduais precisam investir pelo menos 12% da receita. Para o TCE, a verba destinada está cerca de 3% abaixo da previsão legal. Os dados de 2024 ainda não foram computados.
Pautas da reunião
Além da busca por novos hospitais de referência na região, a reunião da Azonasul também abordou a atualização do déficit da educação, no qual os municípios terão que encaminhar à entidade um relatório do número de alunos na rede municipal.
A Marcha dos Prefeitos, marcada para a partir de 19 de maio, foi pautada. Na ocasião, foi definido que os prefeitos da região irão realizar uma nova viagem à Brasília para apresentar as suas demandas em outubro.
A inclusão nas escolas, o modal ferroviário e o IPE Saúde também foram debatidos no encontro.