A comunidade do hockey em Pelotas pode não ser das maiores, mas é unida e fiel à modalidade a ponto de manter viva, com representantes de diferentes gerações, uma tradição que remonta aos anos 90. Atualmente, dois times praticam toda semana esse esporte na cidade: o Patos e o Graxains.
As atividades de ambos são no mesmo local, o ginásio do Profut, na região do Porto, às segundas, terças, sextas e sábados. Somando as duas equipes, com históricos e propósitos distintos apesar da mesma paixão pela prática, cerca de 30 pessoas entre adultos e crianças jogam hockey semanalmente.
Segundo os relatos de quem a pratica hoje, a modalidade inline ganhou força em solo pelotense em 1997, data de fundação do Pelotas Apaches. Quinze anos depois surgiu o Pelotas Patos. O Graxains veio uma década mais tarde, em 2022. Também existe registro do Barra Hockey, com origem datada de 2013.
Patos
O número de frequentadores dos treinos do Pelotas Patos costuma girar em torno de 18. A rotina é focada em competições. Durante os 13 anos de existência, o time disputou uma série de campeonatos dentro e fora do Estado. São duas segundas colocações no Open de São José (SC) e Joinville (SC), respectivamente em 2013, 2014 e 2023, por exemplo.

Patos tem equipe feminina, além da mista (Foto: Divulgação)
“Os melhores times do Brasil estão em um nível quase internacional. Em São Paulo, vão fazer um desafio internacional. São 16 equipes de Argentina, Chile, de tudo quanto é lugar. A gente, a nível Rio Grande do Sul e Santa Catarina, está entre os melhores”, diz Márcio de Ávila, um dos fundadores, atleta com experiência fora do RS.
O Patos tem um time misto, com homens e mulheres, e um feminino, além de um projeto de categorias de base. Crianças não jogam com os adultos e são incluídas nas atividades de forma gradual e lúdica. Para quem começar, equipamentos são emprestados, e há a intenção de abrir uma categoria iniciante ainda neste ano.
“Fora o benefício da saúde, é a gente ter a união, o prazer de estar aqui, juntos, de ajudar. Ver pessoas que mal sabiam patinar hoje em uma categoria super avançada”, conta Paula de Ávila, capitã dos Patos e uma das primeiras mulheres do Rio Grande do Sul a jogar hockey. Em 2019, disputou o Campeonato Brasileiro Feminino em São Paulo pelo Jaú.

O número de frequentadores dos treinos do Pelotas Patos costuma girar em torno de 18 (Foto: Gustavo Pereira)
Além dela, já atuaram em competições nacionais, por times de fora, outros cinco componentes dos Patos: Maiara Kringel, Willye Souza, Márcio de Ávila, Eduardo Alves e Débora Kazimoto. O projeto foi contemplado em cinco editais do ProEsporte Pelotas, mas hoje as despesas são todas custeadas do bolso dos integrantes.

Durante os 13 anos de história, o Patos disputou uma série de campeonatos dentro e fora do Estado (Foto: Divulgação)
Eduardo nasceu em São Paulo, morou no Japão e vive em Pelotas desde 2009. Apaixonado por hockey, encontrou os Patos justamente em 2012, ano da fundação. “De lá para cá, não saí mais. Ajudo em algumas coisas na organização. É mais por conta disso. Faz parte da minha vida”, resume.
Graxains
Com cerca de 15 participantes por encontro, o Graxains é mais recente. Um projeto social voltado a adultos e crianças em conjunto, também sem faixa etária e com equipes mista e feminina. Com intenção de entrar no universo competitivo em nível nacional e internacional, o Graxains costuma ganhar integrantes oriundos do grupo Roller Pelotas, fazendo quem se interessa por patinação começar a praticar uma modalidade esportiva.

Com cerca de 15 participantes por encontro, o Graxains é mais recente, voltado a adultos e crianças em conjunto (Foto: Jô Folha)
Membro do Roller Pelotas, cujas reuniões são nas noites de sábado, no ginásio da escola Érico Veríssimo, Thiago Pederzolli iniciou em janeiro no Graxains. Ex-praticante de futebol americano e beisebol, resolveu se testar como goleiro de hockey e gostou. Antes de cada treino, precisa de um bom tempo para vestir o fardamento necessário para a função.
Thiago estima que essa indumentária pesa de 15 a 20 quilos e brinca: no verão, não garante que vá seguir no gol. Posição que demanda, também, investimento: as luvas e a chamada perneira, proteção para as pernas, custam cerca de R$ 4 mil, que ele conseguiu via doação. O peitoral e o capacete são emprestados pelo Graxains. “O que gosto no Graxains é isso: tem gente de dez a 40 e poucos anos. A galera se respeita”, explica.

Ex-praticante de futebol americano e beisebol, Thiago Pederzolli resolveu se testar como goleiro de hockey e gostou (Foto: Gustavo Pereira)
Natural de Herval, uma das coordenadoras do Graxains, Caroline Segovia, é goleira e já foi dos Patos. Em 2018, com a intenção de evoluir tecnicamente, fez uma clínica na Argentina com um treinador brasileiro. A partir do ano seguinte, começou a ser chamada para atuar em competições nacionais por equipes, principalmente pelo Eldorado Vipers, de Contagem (MG), uma potência nacional.
Caroline vai jogar o Desafio Internacional em Amparo (SP) no feriado de Páscoa. Já defendeu a seleção brasileira em duas edições do Mundial de Hockey Inline, a última no ano passado em Roccaraso, na Itália. No Brasil, a entidade responsável pela modalidade é a Confederação Brasileira de Hockey e Patinação (CBHP).

Sem foco competitivo, o projeto costuma trazer integrantes do grupo Roller Pelotas (Foto: Jô Folha)
“Tem casos de atletas que relataram estar deprimidos e no esporte ter encontrado esse lugar de saúde, de troca com outras pessoas. É um lugar de integração, a gente consegue proporcionar um esporte que atende pai, filha, esposa e irmãos. As pessoas conseguem praticar um esporte juntas. É movimento, saúde, vida”, explica Caroline.
Sobre a modalidade
Originado no hockey sobre gelo, o hockey inline é jogado em piso de madeira ou cimento, com patins comuns e capacete específico. O objetivo consiste em levar ao gol o puck, que é um disco de 2,5 cm de espessura por dez cm de diâmetro, com cerca de cem gramas. O controle do puck se dá por meio do stick (taco).
As balizas são móveis e medem 1,70m de largura por 1,05m de altura, colocadas de modo que permita o jogo por trás delas, já que as proteções ao redor da quadra fazem com que não haja saídas do puck, evitando pausas no jogo. Cada time atua com quatro atletas de linha e um goleiro.
Entre em contato e saiba mais
Patos: Instagram @pelotaspatos
Graxains: Instagram @graxainshockey