Mais de 273 mil pessoas estão inadimplentes na região Sul, conforme levantamento de fevereiro do Serasa Experian. Juntos, esses consumidores acumulam uma dívida total de R$ 1,46 bilhão, o que representa um crescimento de 8,2% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o montante era de R$ 1,35 bilhão.
O aumento também se reflete no ticket médio da dívida, que passou de R$ 5.085,02 em fevereiro de 2024 para R$ 5.365,63 em 2025 – um acréscimo de R$ 280,61 por devedor.
O economista Eduardo Tillmann atribui o crescimento da dívida na região ao aumento da taxa básica de juros no país, a Selic – que subiu de 11,25% para 13,25% na comparação entre fevereiro de 2024 e 2025.
“Lá em 2024 a gente estava em uma situação melhor em termos de taxa de juros, que mostra o crescimento do endividamento e quanto é o preço do crédito. Na hora de pegar um empréstimo a taxa balizadora disso é justamente a Selic que, lá em fevereiro de 2024 em relação à agora, estava em um patamar inferior”, avalia.
Atualmente, a taxa está em 14,25% e deve subir novamente em maio, quando acontece uma nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o que deve seguir aumentando o endividamento da população. “Há um aumento na inadimplência e para o futuro a tendência não é de melhora nesse quadro, haja vista a tendência de aumento dessa taxa de juros para conter a inflação”, argumenta Tillmann.
Pelotas lidera endividamento
Com 111,3 mil inadimplentes, Pelotas é o quarto município gaúcho com o maior número de pessoas endividadas. Além disso, os pelotenses tiveram o maior aumento da dívida em um ano, passando de R$ 560,7 milhões, em fevereiro de 2024, para R$ 618,6 milhões no mesmo mês deste ano.
Tillmann comenta que “é natural que Pelotas fique entre as [cidades] mais inadimplentes, porque é também uma das mais populosas”. Ele avalia que caso dividisse o número da dívida com o total de habitantes “em linhas gerais o quadro não é tão ruim para Pelotas em comparação às outras cidades [do Estado]”.
Redução
Na contramão da tendência regional, Piratini e Santana da Boa Vista foram os dois municípios com as maiores reduções no volume de dívidas. Piratini viu seu total de inadimplência cair de R$ 17 milhões para R$ 13,1 milhões em 12 meses – uma redução de R$ 3,9 milhões. Já Santana da Boa Vista teve uma queda ainda mais significativa, de quase R$ 4,2 milhões, saindo de R$ 41,9 milhões para R$ 37,7 milhões.
Cenário estadual preocupa
A inadimplência no Rio Grande do Sul atingiu um novo recorde em fevereiro, alcançando 41,15% da população adulta, segundo dados da Serasa Experian. Atualmente, mais de 3,645 milhões de gaúchos enfrentam dificuldades financeiras, 25 mil a mais do que no mês anterior, acumulando R$ 22,314 bilhões em dívidas vencidas. A maioria das pendências está ligada a bancos e financeiras, com um valor médio de R$ 6.121 por devedor.
O levantamento
O indicador da Serasa Experian considera títulos protestados, dívidas vencidas com bancos e não bancárias (lojas em geral, cartões de crédito, financeiras, prestadoras de serviços como fornecimento de energia elétrica, água, telefonia, etc) e cheque sem fundo.
Dicas para sair do vermelho
Renegocie suas dívidas: Ferramentas como o Serasa Limpa Nome permitem buscar ofertas com descontos e parcelamentos acessíveis.
Evite novas dívidas: Antes de assumir um novo compromisso, tenha certeza de que ele cabe no orçamento.
Crie uma reserva de emergência: Mesmo que pequena, uma poupança pode evitar que imprevistos virem dívidas.
Controle seus gastos: Use planilhas ou aplicativos para acompanhar entradas e saídas financeiras.