“Eu disse, tem que ter um motivo e um propósito para isso ter acontecido comigo, com a gente”

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“Eu disse, tem que ter um motivo e um propósito para isso ter acontecido comigo, com a gente”

Tatiana Garcez - Engenheira Mecânica e de Segurança no Trabalho e empresária

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“Eu disse, tem que ter um motivo e um propósito para isso ter acontecido comigo, com a gente”
Tatiana é a criadora do projeto Miguel Fernandes.

Criado este ano, o Projeto Miguel Fernandes é uma iniciativa dedicada ao desenvolvimento de jovens com idades entre 14 e 20 anos. O objetivo é ajudar esse público a descobrir seu propósito, despertar para o empreendedorismo, desenvolver inteligência emocional e adquirir habilidades essenciais para a vida. A iniciativa surgiu de um desejo antigo da empresária Tatiana Garcez, que percebeu que esse seria um caminho a ser seguido, após viver a tragédia da perda do companheiro.

O acidente que vitimou Miguel Fernandes aconteceu em 17 de janeiro, no km 534, da BR 116, no Capão do Leão. A morte precoce do empresário, que tinha  academias em Jaguarão e São Lourenço do Sul, quase fez Tatiana, enlutada, desistir do projeto social que o casal vinha fomentando. Aos poucos a empresária percebeu que, com a iniciativa, poderia manter vivo uma das principais características de Fernandes, seu espírito solidário e empático. “ em ajudar as pessoas a se desenvolverem.

O resultado é a realização do curso com duração de nove meses, que tem 19 alunos matriculados. O programa é gratuito e voltado para jovens que precisam de uma rede de apoio.

O projeto foi criado por ti, depois da morte de Miguel Fernandes. Quem foi o Miguel Fernandes?

Eu já tinha este projeto antes de acontecer tudo com o Miguel. Ele era a pessoa que eu compartilhava minha rotina, tudo. Eu comecei este projeto, na verdade, no final do ano passado. E o Miguel sempre foi um cara com esse perfil de desenvolver pessoas. Ele era um líder nato. E eu aprendi muito com cada conversa com ele. E ele me ensinou muita coisa em pouco tempo. Sobre vida, sobre pessoas, sobre liderança e negócios principalmente. Ele me treinou muito.

O Miguel trabalhava desenvolvendo jovens talentos?

Eu já tinha esse projeto, já tava com essa ideia. Eu já estava em contato com um amigo meu, que tem um projeto parecido em Piratini. Eu estava desenvolvendo, tava compartilhando a ideia com o Miguel, ele estava me apoiando. Ele disse: “eu tô contigo, se precisar de alguma coisa eu tô junto”. Ainda não tinha nome. Eu só tinha vontade e um sonho de ter o projeto. E aí, dia 17 de janeiro, aconteceu a tragédia do acidente dele. Aí passou uns dias, eu tinha desistido, porque eu pensava: ‘tô destruída, como é que eu vou ajudar alguém se eu tô destruída por dentro?’.

Qual o teu objetivo com o projeto?

Meu objetivo é levar esse projeto para todos os cantos. É desenvolver esses jovens e dar acesso a oportunidades e conhecimentos que eles nunca teriam. E aí eu decidi, preciso fazer um projeto pelo Miguel. Tem que ter um motivo e um propósito da gente ter se conectado tão forte, em tão pouco tempo. Mas foi muito intenso, a gente viveu muita coisa importante, ele realmente me transformou. Eu disse, tem que ter um motivo e um propósito para isso ter acontecido comigo, com a gente. Foi quando eu decidi iniciar o projeto com o nome. É claro que eu conversei muito com a família dele, pedi autorização. Eu me conecto muito com a família dele,eles me apoiam muito. Eu tento levar o legado dele, foi um propósito de Deus que ficou comigo, de levar tudo o que fez por tanta gente, dar continuidade aqui na terra. Eu peguei isso como um propósito de vida.

Tu contas com quem pra te ajudar?

Sou eu e eu, porém eu tenho muitos parceiros a quem recorrer. Os coffe break do projeto eu sempre peço um suporte. Eles levam um bolo ou coisas. A minha mãe me ajuda. Eu tenho muitos contatos que me ajudam. A Axis do Brasil está me cedendo o lugar, mas sou eu quem coloca tudo em prática.

O projeto está sendo desenvolvido aqui em Pelotas?

Todo aqui, mas tenho alunos que vêm de Jaguarão, são uns cinco de lá. A cada encontro eu tenho mais certeza que esse projeto tem que se expandir. Tem sido transformador e eu estou me conectando com pessoas que realmente têm esse intuito de transformar pessoas.  São 25 aulas ao longo do ano, começamos em março. A primeira aula foi sobre mentalidade do sucesso e propósito. Foi muito sobre a história do projeto e a motivação dele. Eu sempre incentivo muito a leitura. Na segunda aula a gente falou sobre comunicação, a gente teve treinamento ativo. Colocamos eles para falar em público. Levei o trainer do Dale Carnegie para falar com eles. Na terceira aula vai ser sobre empreendedorismo e eu vou levar eles em empresas para conhecerem as dinâmicas e os processos das empresas. E eu já estou colocando alguns no mercado de trabalho, porque sempre surgem oportunidades.

 

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