Há 50 anos
O grupo de teatro Desilab, vinculado ao Diretório Estudantil Ildemar Bonat, da Escola Técnica Federal de Pelotas, reapresentou o espetáculo Do preto ao branco. A encenação ocorreu na própria ETFPel, hoje, Instituto Sul-Riograndense (IFSul), na sede da praça 20 de Setembro.
Do preto ao branco foi o primeiro espetáculo desenvolvido pelo grupo sob a direção do ator paulista Zé de Abreu. Em 1974, Abreu e a mulher dele, a atriz pelotense Nara Keiserman, haviam se mudado para o município, onde deram início ao Grupo de Teatro Província – Núcleo Dois.
Neste mesmo ano, o ator começou a dirigir o grupo de teatro da ETFPel. Do preto ao branco foi apresentado em fevereiro de 1975, no 7º Festival Nacional de Teatro de Estudantes, em Arcozelo, no estado do Rio de Janeiro. Pelotas também foi representada pelo Teatro dos Gatos Pelados, do Colégio Municipal Pelotense, dirigido por Valter Sobreiro, que levou o musical Sirena.
Cada emoção, uma cor
A peça do Desilab contava a história da viagem de três pessoas através de seu interior em busca da perfeição. O propósito era mostrar a procura contínua do homem para alcançar a plenitude e a felicidade.
Nessa viagem tudo era simbolizado por cores, as reações humanas cada uma delas com uma cor: violência (vermelho), alegria (amarelo), azul (paz), por exemplo. As cores seriam planetas, os quais os viajantes passariam
“O texto elaborado a partir de cenas de criação coletiva, que surgiram durante os laboratórios de criação (trabalhos com voz e corpo), que naquela época eram denominados de expressão corporal”, conta Sérgio Luiz Oliveira Nogueira, que estudou na Escola entre 1969 e 1976, quando se formou na terceira turma do Curso de Telecomunicações.
Nogueira lembra que o texto trazia uma situação hipotética, onde seres que poderiam ser astrais ou de outros planetas, além do sistema solar da Terra. “Surgiam então três naves saindo de seus planos originais onde os viajantes (uma estudante, um operário e um cientista vestidos de malhas pretas) empreenderiam uma viagem pelo cosmos passando por planetas. Ao passarem por estes planetas e entrarem em contato com os seres destes planetas, iam adquirindo e incorporando as características dos habitantes, que foram associadas ao que estas cores remeteram”, relembra.
Ao final da jornada os três viajantes saíam de suas cápsulas (naves) com malhas brancas, sugerindo que haviam concluído a busca pela perfeição. O espetáculo tinha uma trilha sonora com muitos efeitos especiais, rock progressivo, cenários minimalistas e iluminação de excelente qualidade que evidenciava o vanguardismo da concepção do mesmo.
“No começo do grupo e no espetáculo Do Preto ao Branco, eram 21 atores em cena, mas creio que orbitavam alguns membros flutuantes e pode ter chegado a 25 ou 27 membros”, comenta Sérgio Nogueira.
Laboratórios
Zé de Abreu e Nara Keisermann foram embora de Pelotas cerca de dois anos depois. Mas o grupo de teatro da Escola Técnica permaneceu, mas mudou de nome. Atualmente, no IFSul atua o núcleo Cem Caras de Teatro, sob direção do ator e diretor Flávio Dornelles.
Nogueira vê como positiva a passagem do ator e diretor paulista pelo grupo. “Na época, não tínhamos nenhuma referência, entretanto, pelas técnicas e ensinamentos dele e da Nara: laboratórios de cenas, trabalhos vocais para melhorar a voz e a performance corporal, mais conhecimentos de vanguarda, nós todos ficamos fascinados e tivemos uma excelente sinergia com ele”, conta sobre uma percepção daquele período.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 100 anos
Acomodações do futuro Grande Hotel impressionam quem conhece o projeto
As plantas do Grande Hotel, em exposição na prefeitura, foram destaque no jornal A Opinião Pública, que detalhou o projeto do arquiteto Theófilo Barros. A obra do moderno empreendimento começou ainda em 1925, mas a inauguração ocorreu somente em 1928.
Com fachada voltada para a praça da República (atual Coronel Pedro Osório) esquina com a rua General Victorino (atual rua Padre Anchieta), as medidas do prédio impressionaram: 30 por 40 metros (até a cúpula). O bar foi projetado para ocupar toda a área térrea, à direita. O salão de refeições ocuparia toda a ala esquerda da fachada lateral, ocupando uma área de 26×8 metros. Ao centro ficava o hall, projetado com uma cobertura de vidro, que em noites mais quentes poderia ser aberto para maior conforto térmico dos hóspedes.

Saguão também poderia ser utilizado como sala de refeições pelos hóspedes
Versatilidade
Para dar mais versatilidade ao empreendimento, o bar poderia ser transformado em salas especiais para pequenos eventos, como os chás dançantes, e o hall, abrigaria perfeitamente o refeitório, abrindo espaço para que o salão fosse ocupado por alguma festividade. Apoiando toda essa possível movimentação, a cozinha foi localizada no subsolo, próximo a essas áreas superiores, juntamente com a adega, dispensa, frigoríficos, fábrica de gelo e quartos dos empregados.
O primeiro andar foi destinado às acomodações de luxo e nos segundos e terceiros andares, os quartos com uma ou duas camas. O sistema hidráulico também era uma novidade e permitiria banho quente em todos os andares, a qualquer hora do dia ou da noite. A média das instalações sanitárias era de um banheiro para dois quartos.
Fonte: A Opinião Pública/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense