Zona Sul receberá novo radar meteorológico no próximo ano

Monitoramento Climático

Zona Sul receberá novo radar meteorológico no próximo ano

Outros dois radares serão instalados na região Oeste e Serra para qualificar o sistema de monitoramento climático

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Atualizado quinta-feira,
10 de Abril de 2025 às 18:14

Zona Sul receberá novo radar meteorológico no próximo ano
Radares serão similares ao já instalado no Morro da Polícia, em Porto Alegre (Foto: Jürgen Mayrhofer | Secom)

A Zona Sul terá um novo radar meteorológico em breve, instalado em Pelotas. O edital, publicado ontem pelo governo do Estado, pretende contratar uma empresa que forneça o equipamento e a plataforma de integração de dados. Além do Sul, as regiões Oeste e Serra também serão contempladas. A operação em Pelotas está prevista para o meio de 2026.

O objetivo da contratação dos três radares é qualificar a prestação de serviços de monitoramento meteorológico e geológico no território do Rio Grande do Sul, melhorando a capacidade de alerta antecipado para eventos extremos. O governo do Estado projeta gastar até R$ 186,5 milhões, com recursos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs). A abertura das propostas ocorrerá em 24 de abril, a partir das 9h.

Tecnologia de ponta

Os novos radares operarão em Banda “S”, uma tecnologia que permite maior precisão na detecção de chuvas intensas, ventos fortes e granizo, mesmo em condições adversas. Com alcance de 400 quilômetros, os equipamentos serão instalados estrategicamente em três regiões: Pelotas (Sul); Manoel Viana (Oeste); e Soledade (Serra).

Além da instalação, o projeto inclui uma plataforma digital integrada que combinará dados de satélites, estações meteorológicas e sensores de raios, gerando alerta em tempo real para a Defesa Civil e a população.

Sistema inteligente

Um dos diferenciais do projeto é o uso de inteligência artificial para corrigir previsões e aprimorar a precisão dos avisos. A plataforma vai emitir alerta no padrão CAP (Common Alerting Protocol), utilizado ao redor do mundo em situações de emergência.

Outra inovação é a dupla polarização dos radares, que permite identificar não apenas a intensidade da chuva, mas também o tipo de precipitação (granizo, neve ou chuva), ajudando na prevenção de desastres em áreas vulneráveis.

Cronograma

O projeto será executado em etapas ao longo de 24 meses, com possibilidade de prorrogação. A primeira fase, com conclusão em 30 dias, prevê um estudo técnico para definir os locais exatos de instalação. O início da operação em Pelotas está prevista para meados de 2026, em um ano e quatro meses. O funcionamento pleno do sistema com alertas em tempo real deve ocorrer em 2027.

Impacto na Defesa Civil

A iniciativa tenciona reforçar a capacidade do RS na resposta a eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas. Segundo o Termo de Referência do projeto, anexado ao edital, os radares vão “instrumentalizar o Centro de Operações da Defesa Civil com informações cruciais para salvar vidas e reduzir danos”.

O coordenador regional da Defesa Civil, Coronel Márcio Facin, comemora o anúncio de um novo radar em Pelotas, destacando a possibilidade de integração entre a Defesa Civil e os ambientes acadêmicos e científicos da região. Para ele, expectativa é de que a nova estrutura melhore significativamente a qualidade dos serviços prestados à comunidade. “Isso é um marco histórico para o Estado no que se refere à proteção e defesa civil”, diz.

Tecnologia, agilidade e precisão

O professor de meteorologia da UFPel e especialista em radares, Leonardo Calvetti, avalia a novidade como uma “ótima notícia”. Segundo ele, os radares são equipamentos fundamentais para previsões de curto prazo, com alta precisão. “O satélite é como se fosse um raio-x e o radar uma tomografia computadorizada. Ou seja, o radar revela muitos detalhes que não aparecem em imagens de satélite”, compara o professor.

Os radares Banda S são capazes de monitorar distâncias maiores e sofre menos atenuação do sinal, o que permite obter informações precisas mesmo em longas distâncias. Já a dupla polarização é fundamental para identificar o tipo de fenômeno, confirmar e caracterizar tornados, além de melhorar as estimativas de chuva com alta resolução. “Banda S e dupla polarização são as mais atuais tecnologias disponíveis”, afirma Calvetti.

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