Região se destaca em potencial para geração de energia eólica offshore

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Região se destaca em potencial para geração de energia eólica offshore

Estudo do Sindienergia mapeia áreas com alto potencial para instalação de usinas eólicas no litoral do Rio Grande do Sul

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Atualizado quarta-feira,
09 de Abril de 2025 às 11:19

Região se destaca em potencial para geração de energia eólica offshore
Zona Sul é apontada como especialmente propícia por apresentar menor sensibilidade ambiental.

A primeira etapa de um estudo do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do RS (Sindienergia) e da Portos RS indicou que a região Sul tem uma das maiores capacidades do Estado para instalação de parques de energia eólica offshore. Ao todo, 21 projetos da Zona Sul estão em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O levantamento técnico iniciou no último trimestre de 2024 e terá duração de três anos. A primeira fase do estudo constatou que, dentro de um cenário conservador, duas áreas tiveram destaque: uma no litoral Norte, com 2.935 km², e outra no Sul, com 4.372 km² — esta última apontada como especialmente propícia por apresentar menor sensibilidade ambiental.

“A metade Sul do litoral gaúcho desponta como uma das mais promissoras do país, graças à combinação de ventos fortes e regulares, menor densidade populacional costeira e menos sobreposição com áreas de proteção ambiental”, explica a oceanógrafa Clarissa Araujo, que executou a primeira etapa do estudo.

O levantamento avaliou 28 critérios socioambientais e de infraestrutura — entre eles, fauna, flora, pesca, turismo e presença de comunidades tradicionais — para mapear as regiões mais favoráveis à instalação de parques eólicos no litoral.

Investimentos bilionários e geração de empregos

De acordo com o Sindienergia, o setor já projeta investimentos de até R$ 14 bilhões em curto prazo, com a perspectiva de criação de cerca de nove mil empregos diretos e indiretos. A expectativa é que esses empreendimentos não apenas impulsionem a economia regional de municípios atuantes – Chuí, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e São José do Norte – mas também posicionem o RS como protagonista nacional na exportação de energia limpa.

Para o gerente de Planejamento e Desenvolvimento da Portos RS, Fernando Estima, o posicionamento do porto rio-grandino em relação à costa e sua capacidade de movimentar equipamentos de grande porte tornam o terminal um ativo estratégico para a atração de empreendimentos ligados à economia verde.

“Temos uma infraestrutura instalada que permite a recepção e movimentação de grandes equipamentos, além de áreas disponíveis para projetos industriais. Esse tipo de missão empresarial demonstra que o porto está no radar de investimentos que exigem não apenas capacidade logística, mas também alinhamento com políticas de desenvolvimento sustentável”, destaca.

Marco regulatório

Essa projeção ganhou ainda mais força com a sanção da Lei 15.097/2025, novo Marco Legal para exploração da energia eólica offshore no Brasil. A regulamentação era considerada a peça que faltava para destravar o mercado e atrair investidores. Agora, com regras claras sobre concessões, licenciamento e repartição de receitas entre União, estados e municípios, empresas nacionais e estrangeiras já começam a movimentar projetos na região.

Uma das mais adiantadas é a japonesa Shizen Energy, que assinou um memorando de entendimento com a Portos RS para estudos de viabilidade da instalação de um parque eólico offshore e de uma usina de hidrogênio verde (H2V) no litoral sul.

Próximas pesquisas

Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para os desafios que ainda precisam ser superados. A viabilidade econômica dos projetos depende da infraestrutura de transmissão em terra e da conexão eficiente com o Sistema Interligado Nacional. Segundo Clarissa, a segunda fase do estudo, que deve ser iniciada ainda este ano, vai avaliar justamente essas conexões e possíveis áreas de sobreposição com novas unidades de conservação ambiental, como o Parque Nacional do Albardão, em Santa Vitória do Palmar.

Visita à região

Na última semana, a representantes da EDF Renewables no Brasil, subsidiária da multinacional francesa de energia, estiveram no complexo portuário rio-grandino para avaliar o potencial logístico do local para a implantação de projetos de geração de energia eólica offshore e produção de hidrogênio verde.

“A EDF tem interesse em desenvolver projetos de eólica offshore e de hidrogênio verde e derivados aqui na região. O que nos chamou a atenção foi encontrar instalações e infraestrutura já prontas, que demandam pouco investimento adicional para que essas indústrias se tornem realidade. Estamos aqui junto com os governos para viabilizar essas soluções verdes, fundamentais para que o Brasil se posicione como referência internacional no setor”, afirmou o diretor da empresa, Sylvain Jouhanneau.

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