Porto de Rio Grande pode se aproveitar de guerra comercial

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Porto de Rio Grande pode se aproveitar de guerra comercial

Conflito econômico entre EUA e China pode abrir espaço para desvio de comércio para o Brasil

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Atualizado terça-feira,
08 de Abril de 2025 às 09:49

Porto de Rio Grande pode se aproveitar de guerra comercial
Veia exportadora do Porto de RG pode ser estratégica para novos negócios. (Foto: Jô Folha)

A tensão dos mercados com a guerra comercial fez com que o Ibovespa B3, principal índice do mercado nacional, seguisse a tendência mundial, encerrando o primeiro dia da semana em baixa de 1,31%. O dólar teve alta de 1,29% e fechou a R$ 5,91. Apesar disso, especialistas apontam que o Brasil, e em especial o Porto do Rio Grande, podem encontrar oportunidades em meio à crise.

Segundo o economista da UFPel Marcelo Passos, a queda da B3 era previsível e segue o padrão global. “Não vejo como a bolsa brasileira cair mais do que as bolsas internacionais, porque estamos em um momento de crescimento. O desemprego está baixo […] também não vejo muita volatilidade do dólar como nós tivemos no ano passado. O dólar vai subir, a bolsa vai cair, sim, mas deve acompanhar os movimentos internacionais”, explica.
A imposição de tarifas de ao menos 10% sobre qualquer produto importado pelos Estados Unidos gera instabilidade na economia mundial. Ao mesmo tempo, a medida pode provocar um fenômeno conhecido como “desvio de comércio” — quando países afetados por tarifas passam a buscar novos parceiros comerciais.
“O Brasil pode se beneficiar desse desvio de comércio, ou seja, países afetados pela política do Trump, buscarem substituir as antigas importações que eles faziam dos Estados Unidos, comprando produtos brasileiros”, afirma Passos.

Oportunidades do conflito econômico

A principal oportunidade brasileira está no conflito entre a China e os Estados Unidos. Após ser taxado em 34%, o país asiático anunciou, na última semana, uma retaliação, aplicando a mesma alíquota extra que o governo norte-americano aplicou sobre as suas importações. Nesse cenário, o Brasil pode ser um dos maiores “vencedores” da guerra comercial.
“Nesses movimentos, o Brasil pode encontrar mercados novos e maiores compras para os seus produtos, commodities, minério de ferro, milho, soja, carne, cana de açúcar, cacau, etc”, avalia Passos.
O economista destaca que, no momento, não é possível prever todos os movimentos do mercado global, mas que a tendência é que o Brasil amplie suas movimentações para a China. Além disso, o governo brasileiro já busca novos parceiros para exportação de carne e a soja.

Porto de Rio Grande no radar das exportações

Esse movimento global pode beneficiar diretamente o Porto de Rio Grande, um dos principais terminais de exportação do Brasil, especialmente para commodities agrícolas. “O Porto de Rio Grande, como um porto exportador, sobretudo, de produtos primários, vai se beneficiar […] carne, soja, milho, arroz, minério, frango, proteínas em geral Tudo isso vai ser beneficiado”, argumenta Passos.
Além disso, o complexo portuário rio-grandino pode ser impulsionado por outro fator estratégico: a possível concretização do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Com a mudança de postura da França, país que possui um grande protecionismo agrícola, o acordo está próximo de ser firmado e, conforme Passos, também deve criar grandes mercados para o Porto.
Apesar disso, o momento exige cuidados. O economista da UFPel Gabrielito Menezes, alerta que “a guerra comercial veio em um momento delicado para o RS. Sem ações estratégicas, o Porto de Rio Grande e setores-chave podem enfrentar perdas duradouras, em especial no agronegócio e na indústria.”

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