É bem preocupante o cenário atual da drenagem urbana em Pelotas. Se os alagamentos vistos nas chuvas das últimas semanas já assustaram, um alerta ainda maior é gerado pelo decreto municipal de emergência por conta da exaustão do sistema. O prefeito Fernando Marroni diz que o sistema colapsou, a capacidade está comprometida e a estrutura danificada. “Não tem capacidade de escoamento”, é uma das frases ditas. Considerando que estamos com três semanas de outono e todos conhecemos o comportamento do clima em nossa cidade pelos próximos seis meses, não tem como não temer.
As chuvas, embora fortes e em curto espaço de tempo, não foram nada fora da curva para a realidade de outono/inverno da metade Sul. Já se vão 11 meses da enchente de maio e realmente, desde lá nada foi testado. Ainda assim, a demora tão longa por um diagnóstico, considerando os dois governos, mais o período de transição, é o que mais preocupa. Às vésperas de uma temporada chuvosa, só agora foi percebido que o sistema ficou tão danificado assim? Não havia como fazer avaliações preventivas?
O decreto tem tom preventivo, e é ótimo isso. É melhor agir com precaução. Mas o tempo é o que causa essa sensação de alerta para quem lê o texto. Ontem choveu, hoje vai chover, amanhã talvez chova. Todos sabem que a burocracia dessas situações é bastante enrolada. Pelotas corre, portanto, contra o relógio para se ajustar para encarar os próximos cinco ou seis meses.
O atual governo e o anterior deveriam ter agido antes, ao que tudo indica, para fazer esse diagnóstico. O Sanep tem maquinário, tem servidores e é um dos órgãos da prefeitura que mais arrecadam. Não é aceitável que para fazer uma avaliação precisasse testar o sistema. Considerando que não houve nenhum evento extremo, fica a dúvida: se tivesse chovido nas proporções do ano passado, o que teria acontecido? Se emendarmos uma ou duas semanas de chuva, como acontece todo ano em Pelotas, o que vai ser da cidade? Se houve demora na conclusão, não pode haver agora na solução.
