Ciclistas de Pelotas têm questionado a implantação da ciclofaixa na avenida Juscelino Kubitschek, com a justificativa de que a pintura foi feita sobre um pavimento deteriorado. Segundo os relatos, os buracos e correções no asfalto comprometem a segurança e o uso adequado do espaço. Eles cobram medidas do poder público que priorizem a recuperação da via antes da sinalização. Segundo a prefeitura, o contrato feito no governo anterior prevê apenas a pintura do pavimento.
Quem relata dificuldades ao utilizar a ciclofaixa é Everaldo Barcelos, 53 anos. Ele aponta a precariedade dos espaços, não apenas na JK, como em outros pontos, com buracos e obstáculos que dificultam o percurso. Conta, inclusive, já ter se machucado em uma queda ocasionada por esses problemas. Nesse caso, a profundidade do buraco era tão significativa que foi suficiente para travar a roda da bicicleta, causando o desequilíbrio do ciclista e resultando no tombo.
A reportagem conversou com o administrador do grupo “Ciclo.pel”, no Instagram, perfil que serve como um canal de comunicação entre os ciclistas. Há poucos dias, o autor fez uma postagem onde demonstrou preocupação com estado da ciclofaixa da JK. “Nós, ciclistas, comemoramos a expansão das ciclovias na cidade […] No entanto, essa mudança de postura não se refletiu na construção da nova ciclofaixa”, disse em entrevista, sem se identificar.
O grupo cita que há vários pontos com problemas, como entre a rua Pinto Martins e a avenida Dom Joaquim, e entre as ruas Antônio dos Anjos e Rafael Pinto bandeira. Por ter uma estrutura antiga, o pavimento da JK já apresenta vários remendos, comprometendo não apenas o conforto dos ciclistas, mas também a segurança. “Reforçamos a importância de uma revisão na estrutura viária antes da implantação das sinalizações”, solicita parte da nota publicada pelos ciclistas, em relação ao cenário atual do asfalto.
Insegurança
Nas últimas semanas foram registrados dois atropelamentos no entroncamento das avenidas JK e Dom Joaquim. Em razão disso, o grupo de ciclistas solicita à secretaria de Urbanismo (Seurb) uma medida para reduzir a velocidade dos veículos no trecho. Segundo eles, mesmo após a conclusão da sinalização, o cruzamento continuará sendo um ponto perigoso.
Projeto prevê apenas pintura
A ciclofaixa da JK, conforme explica Otávio Peres, secretário de Urbanismo, se enquadra em um projeto que prevê apenas a pintura da sinalização, e não inclui melhorias na via. A ação foi elaborada e licitada pelo governo anterior, e a gestão atual está trabalhando para executar, assim como outras obras herdadas, que na avaliação do governo apresentam problemas de projeto e qualidade de execução. “Nosso objetivo é dar continuidade a esses processos da melhor forma possível, garantindo padrões mínimos de qualidade”, pontua.
Fortalecimento da sinalização
O titular da pasta destaca que a prefeitura tem acompanhado as interações nas redes e busca fortalecer aspectos de sinalização e moderação de tráfego. Ele também acrescenta que muitas das reclamações sobre o pavimento estão direcionadas a um trecho após o cruzamento com a Ferreira Viana, que foi recentemente reformado e não faz parte do projeto. O novo trecho, que está sendo sinalizado agora, não contempla intervenções estruturais na via.
Conclusão da obra
Conforme Peres, a obra continua em andamento e, ao longo da execução, há risco de alguns conflitos entre veículos e bicicletas devido à incompletude da sinalização. A secretaria está avançando para concluir a obra, implementar sistemas de conscientização por meio da Secretaria de Transporte e Trânsito, e efetivar a proibição de estacionamento na área para garantir o funcionamento adequado da ciclofaixa.
Importância da ciclofaixa
Peres analisa que algumas críticas às ciclofaixas vêm de uma cultura que segue priorizando o transporte automotivo. Muitas dessas estruturas, ele diz, exigem a extinção de vagas de estacionamento, e parte das reclamações vem de pessoas que não estão acostumadas com a priorização da bicicleta e da mobilidade ativa. “No entanto, a implantação da ciclofaixa na JK é fundamental, especialmente para os trabalhadores da zona norte da cidade, que demandam esse tipo de infraestrutura cicloviária”, conclui.
